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Passados seis anos e meio desde a extinção da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro), servidores de nível fundamental e médio que trabalhavam na antiga estrutura afirmam que estão numa espécie de limbo, sem possibilidade de avanço na carreira. Na prática, os funcionários contam que precisam sobreviver com salários na faixa de R$ 1.045 a R$ 1,9 mil, o que obriga muitos deles a buscarem um segundo emprego para pagar as contas. Os servidores com vencimentos abaixo do mínimo regional recebem um completivo.
Em uma carta direcionada ao governador Eduardo Leite, e enviada à coluna nesta sexta-feira (21), o grupo diz que a situação é "alarmante" e causa "insegurança alimentar e emocional" a 95 servidores que pertenciam aos quadros da Fepagro, e que hoje estão absorvidos pela Secretaria da Agricultura.
— Entrei como servidora de nível fundamental. Nesses 21 anos (de serviço), fiz graduação e pós-graduação. Tem colegas que fizeram mestrado e doutorado, e nenhum deles conseguiu subir de nível salarial — afirma uma funcionária que prefere não se identificar e diz que recebe R$ 1,3 mil mensais.
A lei que encerrou as atividades da Fepagro, em janeiro de 2017, estabelece a extinção dos quadros de pessoal da fundação. O grupo afirma que a situação provocou abismos salariais entre funcionários da Fepagro e servidores lotados na Secretaria da Agricultura que exercem as mesmas atividades.
Além da questão salarial, os funcionários reclamam do abandono. Uma servidora conta que, em determinados períodos, eram os próprios funcionários que precisavam levar de casa papel higiênico para o prédio da antiga Fepagro, na Rua Gonçalves Dias. Atualmente, segundo ela, a situação é um pouco melhor.
— Era um prédio fantasma, ficou entregue às baratas. Muitos servidores se aposentaram, não aguentaram. Outros fizeram concursos — relata.
Mobilização
Tentando amenizar a situação, os servidores iniciaram um périplo pelos gabinetes de deputados estaduais para tentar sensibilizar os parlamentares sobre o tema.
Em 3 de julho, o grupo se reuniu com o secretário da Agricultura, Giovani Feltes, e pediu apoio à causa. À coluna, Feltes enviou nota por meio de sua assessoria de imprensa:
"O Rio Grande do Sul está no limite prudencial, o que impossibilita qualquer aumento salarial. Essa discussão só poderá retomada após a superação desse cenário, o que foi dito em reunião com representantes dos servidores e o assunto também foi encaminhado para outras instâncias do governo", diz a nota.
No dia 14, os funcionários levaram a demanda à Secretaria do Planejamento, responsável por assuntos relacionados às carreiras do funcionalismo. À coluna, a pasta do Planejamento informou que "o assunto está em avaliação interna junto aos órgãos envolvidos".