A única certeza que se tem antes de uma eleição presidencial é que, vença quem vencer, o cedo ou tarde o centrão dará as cartas. Por ser um ajuntamento de pessoas acomodadas por conveniência eleitoral (leia-se maior chance de se eleger), o centrão abriga desde bolsonaristas que hoje viraram lulistas desde criancinhas até adversários do presidente Lula, passando por aqueles adeptos da máxima de que, se há governo, são a favor.
Na reforma ministerial que está sendo montada para que o governo tenha uma base sólida e não precise negociar a cada votação, até porque as emendas são finitas, Lula está oferecendo cargos aos Republicanos, partido do senador Hamilton Mourão, que foi vice de Jair Bolsonaro. Nesse conglomerado estão parlamentares evangélicos de diferentes correntes, a quem interessam particularmente os cargos disponíveis para acomodar seu rebanho.
Também serão contemplados deputados e senadores do Progressistas, partido do todo-poderoso presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). O cacique dessa tribo desunida é ninguém menos que Ciro Nogueira, senador pelo Piauí e ex-chefe da Casa Civil de Jair Bolsonaro. Essa subdivisão entrará no governo? Provavelmente não, a menos que a proposta seja irrecusável, mas ao governo importa que a ala majoritária está de malas prontas. Faltam ajustes, claro, porque o momento é de conseguir o maior espaço possível em todos os escalões.
No Rio Grande do Sul, líderes do PP e do Republicanos já se manifestaram contra a participação no governo do presidente Lula. Isso não impedirá os dois partidos de participarem do governo, porque a maioria está inclinada a abocanhar uma fatia de poder.
O União Brasil, resultado da fusão do DEM com o PSL, ainda não se ajustou. Com a confirmação de Celso Sabino do Ministério do Turismo, a tendência é de que as coisas se acomodem, mas o quebra-cabeça deve demorar alguns dias para ser montado. Assim que terminar o recesso, virá a reforma ministerial.
ALIÁS
O sonho de consumo do PP é retomar o comando do Ministério da Saúde, que já foi território seu com Ricardo Barros. O presidente Lula já avisou, porém, que há ministros introcáveis. Entre eles está a ministra Nísia Trindade, uma das mais respeitáveis da longa lista de ministros.