O Rio Grande do Sul está salvo, pelo que se depreende dos discursos dos deputados que trataram como questão de vida ou morte a emenda que dificulta a aprovação de qualquer mudança na letra do Hino Rio-Grandense.
A Constituição foi emendada para garantir que qualquer mudança só possa ser feita com os votos da maioria absoluta dos deputados, e que seja aprovada em referendo pela população.
Em tese, a emenda trata da preservação dos símbolos estaduais. Na prática, o objetivo é impedir que seja retirado do hino o verso que diz "povo que não tem virtude, acaba por ser escravo".
Os deputados da bancada negra encabeçam o protesto, como já fizeram na condição de vereadores, lembrando que não foi por falta de virtude que os negros foram escravizados.
Nesta terça-feira (11), enquanto o autor da proposta de emenda à Constituição, Rodrigo Lorenzoni (PL), discursava, ativistas que assistiam à sessão viraram as costas para a tribuna.
Os negros têm razão: por mais que seus defensores (brancos) tratem como uma licença poética, que teria outro sentido, a letra é, no mínimo, infeliz. Não é possível a um negro sentir-se confortável cantando esse verso.
O hino perdeu uma estrofe inteira em 1966 (aquele que falava de gregos e romanos) e, ao que se sabe, ninguém se incomodou. Por que agora a letra virou vaca sagrada?