O jornalista Paulo Egídio colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço
Na semana decisiva para a reforma tributária na Câmara dos Deputados, os principais líderes políticos e as maiores entidades empresariais do Rio Grande do Sul manifestam visões distintas sobre a proposta e tentam influenciar a bancada federal gaúcha para a votação em plenário, que deve ocorrer até sexta-feira (7). Por se tratar de proposta de emenda à Constituição (PEC), são necessários ao menos 308 votos entre os 513 deputados.
Nesta segunda-feira (3), o governador Eduardo Leite viaja a Brasília para participar das discussões. Leite trabalha pela aprovação da proposta, sugerindo alguns ajustes que favoreçam o Rio Grande do Sul. Em post no Twitter, o governador disse que apoia a reforma para que ela "simplifique a arrecadação e ajude a aumentar a produtividade no país".
Na terça-feira (4) à noite, Leite participa de uma reunião de governadores, senadores e deputados do Sul e Sudeste. Um dos focos será ampliar a participação dessas regiões no Fundo de Desenvolvimento Regional que será criado com a reforma.
O prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, também decidiu ir à capital federal, mas com o objetivo de impedir a aprovação. Melo será um dos líderes da mobilização da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), que reúne capitais e grandes cidades do país. Os gestores municipais dizem que perderão autonomia com o fim do Imposto Sobre Serviços (ISS), que seria unificado ao ICMS (estadual), criando o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS).
— Achamos que a reforma não tem transparência e tira nossa autonomia, por isso pedimos que os deputados possam nos dar mais tempo para discutir. Como está, a reforma é boa para a indústria e o sistema financeiro, mas prejudica o setor de serviços e os municípios — argumenta o prefeito.
Além de Melo, outros prefeitos gaúchos vão atuar em Brasília para integrar as discussões, como Jairo Jorge (Canoas) e Luiz Zaffalon (Gravataí).
Entre as entidades empresariais gaúchas, também há discordâncias a respeito da matéria. A Federação das Indústrias (Fiergs) encaminhou aos deputados federais um manifesto de apoio à aprovação do substitutivo apresentado pelo relator, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), argumentando que, com a mudança, "o país poderá crescer em ritmo mais vigoroso e oferecer melhores condições de vida para os brasileiros".
Já a Federação de Entidades Empresariais (Federasul) manifestou contrariedade à votação da reforma em julho dizendo a Região Sul precisa ser ouvida e que é preciso mais tempo para medir os impactos do texto, "principalmente no setor de serviços". A Federação do Comércio de Bens e de Serviços (Fecomércio) também defende mais tempo para discussão antes da votação.