Um olhar apressado sobre a pesquisa do Ipec, encomendada pelo jornal O Globo e divulgada no momento em que o terceiro governo Lula entra no sexto mês, pode parecer desastrosa para o presidente, porque a avaliação positiva caiu e a negativa avançou. Ao debulhar os números, porém, percebe-se que a avaliação não é tão ruim quanto parece. Primeiro, porque a variação se deu dentro da margem de erro, que é de dois pontos percentuais.
Na pesquisa anterior, o governo Lula era considerado ótimo ou bom por 39% dos entrevistados. Agora, são 37%. O conceito ruim ou péssimo somava 26% e passou para 28%. Regular, que vem a ser o “mais ou menos”, passou de 30% para 32%.
Quando se exclui a possibilidade do eleitor ficar em cima do muro, e se pergunta apenas se aprovada ou desaprova a maneira como Lula governa, 53% responderam que aprovam e 40% que desaprovam. Ou seja, a diferença que na avaliação por conceitos é de nove pontos, sobe para 13 em favor de Lula. O pior dado é o da confiança, que está no empate técnico: 50% confiam e 46% desconfiam.
Por que se pode dizer que a pesquisa não é tão ruim, embora as linhas de aprovação sejam descendentes? Porque os pesquisadores foram a campo em momento de fragilidade do governo, que enfrenta dificuldades na relação com o Congresso e não consegue aprovar projetos que embasaram a campanha. A explicação para a variação dentro da margem de erro está na vida real: o PIB cresceu, a inflação está em queda e, nos últimos dias, a Bolsa subiu e o dólar caiu. Não é um cenário de tranquilidade, mas também não é a terra arrasada que a oposição imagina.
Aliás
Em comparação com os governos anteriores, na avaliação dos seis primeiros meses de governo Lula perde para ele mesmo, Dilma Rousseff e Fernando Henrique Cardoso. Está melhor do que Jair Bolsonaro, Michel Temer e Fernando Collor.