Na reunião ministerial deste final deste semestre, o presidente Lula reclamou da comunicação. É sempre assim: quando os governos vão mal, a culpa é da comunicação, já que jornalistas costumam ter as costas largas. Mas será que é falta de comunicação a ausência de notícias sobre o que foi feito pelo turismo na gestão da ministra Daniela Carneiro, mais conhecida como Daniela do Waguinho?
A gestão da ministra só não passou em branco porque desde o início ela não sai do noticiário, mas é pelos motivos errados. Esse, como outros ministérios considerados de segunda categoria, apesar de tratarem de temas relevantes, têm sido historicamente ocupados por pessoas de pouco ou nenhum preparo para o cargo. A rigor, só existem para acomodar aliados.
O Brasil poderia muito bem passar sem Ministério do Turismo e ganhar com isso. Indústria essencial para o desenvolvimento de um país com a riqueza do Brasil, o turismo merece mais do que amadores como Daniela ou como o sanfoneiro Gilson Machado, mais conhecido pela figuração nas lives do ex-presidente Jair Bolsonaro. A pasta também abrigou o deputado Marcelo Álvaro Antônio, alvo de investigação a respeito de candidaturas-laranja nas eleições de 2018. Dos anteriores, quem lembra de algum feito relevante para estimular o turismo no Brasil? Desses três, nada consta.
Daniela foi notícia pela descoberta de imagens de campanha em que aparece ao lado de um miliciano condenado por homicídio. Defendeu-se dizendo que não tem como saber a ficha corrida de quem lhe oferece apoio e escapou da demissão. Mas brigou com seu partido, o União Brasil, e perdeu as "credenciais" para continuar no cargo. O substituto, deputado Celso Sabino (União Brasil-PA), também não é expert na área, mas tem a bênção dos líderes do União Brasil e do todo-poderoso presidente da Câmara, Arthur Lira.
Colcha de retalhos
O União Brasil é uma colcha de retalhos, formada pela junção de dois partidos movidos apenas pelo cálculo das vantagens eleitorais de um casamento de interesses: o PSL, pelo qual Jair Bolsonaro foi eleito em 2018, e o Democratas (DEM). O União está no governo Lula, mas é repleto de bolsonaristas, entre os quais o senador e ex-juiz Sergio Moro.