Difícil saber o que é pior: a manutenção da ministra do Turismo, Daniela Carneiro, no governo ou a justificativa dos petistas para sua permanência. Conhecida como Daniela do Waguinho, em referência ao marido Wagner dos Santos Carneiro, prefeito de Belford Roxo, a ministra apareceu primeiro em fotos ao lado de um miliciano condenado por homicídio e outros crimes. Agora, surge um segundo miliciano, acusado de “tocar o terror” na Baixada Fluminense.
Candidatos tiram fotos com milhares de pessoas e não têm como saber de sua folha corrida. O problema é que os milicianos em questão trabalharam na campanha de Daniela e há farto material mostrando intimidade com a família. O primeiro é Juracy Alves Prudêncio, o Jura, ex-policial militar, condenado a 22 anos de prisão por homicídio. Em 2018, quando fez campanha para Daniela, Jura estava preso em regime semiaberto, mas conseguiu autorização da Justiça para sair da cadeia para trabalhar e ganhou o cargo de Diretor do Departamento de Ordem Urbana na prefeitura de Belford Roxo.
O segundo, de acordo com o jornal O Globo, é Fábio Augusto de Oliveira Brasil, o Fabinho Varandão, réu na Justiça sob a acusação de comandar um grupo paramilitar que monopoliza o sinal clandestino de TV e internet e a venda de gás de cozinha em dez bairros de Belford Roxo. Fotos e vídeos mostram que ele participou de caminhadas, eventos em clubes e de um comício da então candidata a deputada federal na cidade, em setembro de 2022. Todas as atividades foram em locais que, segundo o Ministério Público do Rio (MP-RJ), são dominados por seu grupo.
Assim que Daniela foi indicada ministra, Varandão publicou em uma rede social: "Orgulho em dizer que a nossa querida deputada federal Daniela do Waguinho foi anunciada como a nova ministra do Turismo pelo nosso presidente Lula”.
Como o PT sempre criticou as ligações da família Bolsonaro com as milícias, é de se perguntar: seus ministros podem ter milicianos de estimação? Não, não existe milícia do bem. A ministra é e continuará sendo uma pedra no sapato do governo.
A justificativa dada nos bastidores para a manutenção de Daniela é repugnante: “Agora o União Brasil vai ter que sair da posição de independente e entregar os votos”.
Como assim? Só porque tem uma ministra encrencada o partido vai dar votos que não daria mesmo tendo três ministérios (Turismo, Comunicações e Integração Nacional)?
Manter Daniela com esse argumento é um mau começo. A própria deveria ter pedido para sair, até para evitar constrangimentos de ser questionada apenas pelas ligações com milicianos e não por seus planos para o Turismo.