Por muito tempo, férias para mim foram sinônimo de cidades com atrações culturais. Eu tinha a pretensão de voltar mais rica em conhecimentos, com a cabeça repleta de imagens que só conhecia dos livros, experiências gastronômicas para reproduzir em casa, fotos de National Geographic. Nos últimos anos, sempre guardava uns dias para o Rio de Janeiro, minha cidade do coração, porque lá encontro um pouco disso tudo e não me canso.
Quando minhas irmãs sugeriam uns dias de praia, sem nada para fazer, eu recusava com a alegação de que temia morrer de tédio. Foi na pandemia, depois daquele tempo que parecia sem fim de reclusão, que enfim decidi passar uns dias com elas no litoral de Pernambuco, com uma passadinha por Alagoas. Ali, descobri a delícia de banhos de mar que em nada perdem para o Caribe: água morna, limpa e sem ondas, receita perfeita para uma pessoa que não sabe nadar. Na metade do ano passado, fui conhecer Aruba, que é linda, mas em matéria de banho de mar não ganha de Tamandaré.
Como passei o verão de 2022/23 envolvida com um tratamento de saúde que não permitia viajar, tive de cancelar um passeio a Porto Seguro para me dedicar à quimioterapia, que exige mil e um cuidadoso, entre os quais evitar o sol forte. Agora livre, e com o cabelo voltando mais forte do que era, decidi trocar o inverno que nos atormenta em Porto Alegre pelo sol de Pernambuco. As férias mesmo começam nesta segunda-feira, mas já escrevo daqui, de frente para o mar e para os coqueiros, com a temperatura em 27°C e a promessa de dias que alternam pancadas de chuva e muito sol.
Já não tenho medo do tédio. No voo para Recife não dormi porque antes da decolagem comecei a ler A ridícula ideia de nunca mais te ver e não consegui parar. Com Rosa passarei os momentos que sobrarem nesses dias de verão nordestino.