Únicos vereadores eleitos pelo PP em 2020 (a terceira, Comandante Nádia, aderiu em 2022), Mônica Leal e Cassiá Carpes estão insatisfeitos com a condução do partido na Capital e podem trocar de legenda na janela de março de 2024. Cassiá admite que poderá sair, mas ainda não tomou a decisão. Ele tem convite de "três ou quatro partidos".

— Não estou satisfeito com os rumos do partido na Capital — resume.

Mônica não fala publicamente em sair, mas já informou ao partido que essa possibilidade existe. O destino mais provável seria o Republicanos. O problema é que o senador Hamilton Mourão deve sua eleição à renúncia da vereadora Comandante Nádia e teria se comprometido a apoiá-la. À coluna, Mônica confirmou a insatisfação:

— Tenho 31 anos de Arena, PDS, PP. A sigla mudou e eu nunca mudei de partido. O que posso dizer agora é que estou muito descontente com o partido em Porto Alegre. Era a primeira vice e me licenciei faz um tempo. Não fui à convenção e não tenho participado de eventos e reuniões do PP de Porto Alegre.

Questionada sobre a possibilidade deixar o PP, desconversou:

— Ainda não parei para pensar sobre isso. Tenho trabalhado muito como líder da bancada, membro da Comissão de Saúde e procuradora da Procuradoria da  Mulher na Câmara.

Nos bastidores, líderes do PP dizem que a preocupação dos dois vereadores é com a possibilidade de ficarem na suplência em 2024, com a entrada de concorrentes com maior potencial eleitoral. Entre os concorrentes, destacam-se a Comandante Nádia, que fez 11 mil votos em 2020 e ganhou visibilidade na eleição de 2022, mesmo tendo desistido da disputa ao Senado às vésperas da eleição, o secretário André Machado, que cresceu como responsável pela área de Habitação no governo de Sebastião Melo, e Mariana Lescano, que concorreu a deputada estadual no ano passado e fez 23 mil votos — Mônica fez 7 mil. Outra aposta é Matheus Ayres, um dos vice-presidentes do PP em Porto Alegre.

O presidente do PP de Porto Alegre, Vitinho Alcântara, disse à coluna que vai tentar manter os vereadores, mas não abre mão de encorpar a lista de candidatos a vereador em 2024. Lembra que a meta do partido é conquistar pelo menos quatro cadeiras na Câmara e que, para isso, está trazendo "muita gente boa" para o PP. Vitinho pensa como Nádia: que em vez de fechar a porta para novos líderes, a melhor política é colocar nomes competitivos, que ajudem a aumentar a quantidade de votos:

— Estamos montando uma nominata muito forte. A soma dos votos dos suplentes nos ajudará a aumentar o números de cadeiras.