No discurso de posse, o presidente Lula disse que o Brasil estava de volta ao cenário internacional. Nada poderia ilustrar melhor essa disposição de reatar os laços diplomáticos com parceiros estratégicos do que a viagem aos Estados Unidos, antes de completar 45 dias no cargo. Como o ex-presidente Jair Bolsonaro era fã de Donald Trump e não admitia a vitória de Joe Biden, o Brasil andava afastado de seu segundo maior parceiro comercial. Uma das próximas viagens de Lula será à China, principal comprador de produtos brasileiros.
Ir antes aos Estados Unidos tem uma simbologia que vai além dos negócios. O principal deles é que, como ressaltou Biden, Brasil e Estados Unidos são as duas maiores democracias do Ocidente. E os dois países, como lembrou Lula, foram atacados por antidemocratas inconformados com o resultado da eleição. A aliança pela democracia é mais relevante do que qualquer dinheiro que os EUA possam aportar no Fundo Amazônico.
Além dos ministros obrigatórios, como Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Fernando Haddad (Fazenda), Lula incluiu na comitiva duas ministras que podem ser consideradas ícones em sua equipe: Marina Silva (Meio Ambiente) e Anielle Franco (Igualdade Racial).
Marina é uma personalidade internacional há muitos anos. Aniele, um símbolo de ascensão social pelo trabalho e de luta contra a desigualdade racial. Irmã da vereadora Marielle Franco, assassinada em 2018, Aniele viveu nos Estados Unidos como bolsista, graduou-se em universidade americana e hoje se espelha em exemplos americanos para formular políticas públicas de defesa da igualdade racial.
Acompanhada da primeira-dama Janja, Anielle visitou um museu em Washington que deve inspirar um projeto de preservação da memória do Cais do Valongo, no Rio de Janeiro, um dos mais conhecidos pontos de tráfico de pessoas à época da escravidão.
Janja teria um chá com a primeira-dama Jill Biden, mas o encontro foi cancelado porque a esposa de Boe Biden passou mal pela manhã. Restou à brasileira fazer um passeio pela Casa Branca.