Da campanha eleitoral à posse da secretária Raquel Teixeira, passando pelos dois discursos que fez no domingo, ao reassumir o cargo, o governador Eduardo Leite reafirmou o compromisso de elevar a educação à condição de prioridade. Não deixou margem para as justificativas que em geral os governantes usam quando não conseguem cumprir essa promessa recorrente. Comprometeu-se a garantir os recursos materiais para que os professores tenham condições de ensinar e os alunos consigam aprender e se preparar para o futuro que já chegou.
Diante de um auditório lotados por convidados, professores, diretores e servidores da Seduc, Leite disse que estava ali para reforçar o compromisso que assumiu e vai reassumir todos os dias com a educação.
— Na nossa primeira reunião do secretariado, vou informar que cada secretaria será um pouco da Educação — avisou, citando diferentes pastas que, aparentemente, não se conectam ao processo educacional.
A lógica por trás dessa construção é mostrar a todos os secretários que o Rio Grande do Sul não será competitivo apenas se construir estradas, reduzir impostos e fizer obras físicas:
— Tudo tem importância, mas não fará o Estado mais competitivo se não tivermos gente qualificada para este mundo cada vez mais complexo.
Leite deu ênfase à formação de professores, que será uma das prioridades do governo, com a ampliação do número de bolsas para aqueles que aceitarem se qualificar. Lembrou que o professor em sala de aula tem de disputar a atenção do aluno com o TikTok, o Instagram e outras redes sociais:
— Isso exige a necessidade de melhorar técnicas, rever conceitos. Nosso papel é oferecer condições para que os professores cumpram a sua função.
Essas condições passam pela estrutura das escolas, um ponto que seu primeiro governo deixou muito a desejar, mas também por qualificação da merenda escolar (criança com fome não aprende) e do transporte, capacitação de professores, oferta de material pedagógico adequado, aumento da gratificação dos diretores e vice-diretores, reestruturação da Secretaria da Educação.
Dizendo-se satisfeito por ter ouvido um “sim” de Raquel, que veio de Goiás para assumir a Secretaria da Educação na metade do governo, Leite lembrou a importância das avaliações diagnósticas conduzidas por ela para saber em que ponto os alunos estão e quais os prejuízos sofridos com a pandemia:
— É como o Waze ou qualquer aplicativo de GPS. Se a gente não sabe o ponto de partida, não tem como chegar ao destino desejado.
Ao final do discurso, lembrando que 800 mil crianças e adolescentes são impactados pelas decisões tomadas no prédio da Secretaria da Educação, Leite fez um apelo aos professores para que resgatem o sentimento que os fez escolher essa profissão para buscar a motivação necessária para que se atinja o objetivo de elevar os índices de aprendizagem.
Pela manhã, em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, o governador já havia reafirmado seu compromisso com a educação e anunciado aporte extraordinário de recursos, diretamente nas escolas, para execução de obras emergenciais. Questionado sobre um possível reajuste salarial, disse que não tem como se comprometer, porque não sabe como se comportarão as receitas, nem se o Estado conseguirá recompor as perdas decorrentes da redução do ICMS de energia, gasolina e telecomunicações.