O jornalista Paulo Egídio colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço
Após deixar o país em suspense por quase dois dias desde a oficialização do resultado das eleições, o presidente Jair Bolsonaro apareceu no Palácio da Alvorada sorrindo às 16h37min desta terça-feira (1º), cerca de duas horas depois de anunciar que faria um pronunciamento. Derrotado na tentativa de se reeleger, o presidente leu um discurso curto, de aproximadamente dois minutos.
Se não reconheceu explicitamente a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tampouco contestou diretamente o resultado das eleições, como esperavam seus apoiadores mais radicais, e agradeceu pelos 58 milhões de votos recebidos. Afirmou que, entre os simpatizantes, há um "sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral" e, ao mesmo tempo, condenou protestos que cerceiam o direito de ir e vir.
Combinado com o que disse o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), o tom adotado por Bolsonaro demonstra observação às regras do jogo. Nogueira, que falou depois, relatou ter recebido a autorização do presidente para iniciar o processo de transição para o novo governo junto do vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB).
— Enquanto presidente da República e cidadão, continuarei cumprindo todos os mandamentos da nossa Constituição — ressaltou Bolsonaro.
Na parte final do pronunciamento, o presidente deu um sinal claro de que pretende permanecer sendo o principal vetor do eleitorado de direita no país:
— É uma honra ser o líder de milhões de brasileiros que, como eu, defendem a liberdade econômica, a liberdade religiosa, a liberdade de opinião, a honestidade e as cores verde e amarela da nossa bandeira.
Aliás
Antes do início do discurso, uma brincadeira feita pelo presidente Jair Bolsonaro com o ministro Ciro Nogueira foi captada pelos microfones que os aguardavam.
— Vão sentir saudades da gente aí — comentou o presidente, sorrindo para Nogueira, que correspondeu também com um sorriso.