Primeiro governador reeleito na história recente do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite resolveu comprar uma briga que desde os primeiros meses de governo considerava necessária, mas evitou porque era impossível fazê-lo em meio à crise fiscal: aumentar a remuneração dos diretores de secretaria. O projeto que reestrutura o quadro de cargos de confiança do Estado e adota o mesmo padrão para todas as secretarias está em fase de conclusão pela Secretaria de Planejamento e deve aportar na Assembleia nos primeiros dias de dezembro.
— Não há como atrair pessoas qualificadas para o cargo de diretor-geral da Secretaria de Educação, por exemplo, pagando R$ 7 mil brutos — exemplifica.
A dificuldade para montar uma assessoria técnica na Seduc foi sentida ao longo dos quatro anos de mandato. Em outras secretarias, existem gratificações que tornam os cargos mais atraentes, mas o governador reeleito quer eliminar essas distorções e criar uma tabela válida para todas as pastas, com salários minimamente competitivos.
A reforma administrativa ainda está sendo finalizada, mas, depois de encerradas as tarefas da transição, Leite já definiu que duas secretarias serão desmembradas. Agricultura e Desenvolvimento Rural serão separadas, como eram no governo de Tarso Genro, para fortalecer o apoio à agricultura familiar.A Secretaria de Obras e Habitação também será dividida em duas, para que cada uma foque na sua especialidade. Habitação ficará responsável pela construção de moradias e pela regularização fundiária, e a Secretaria de Obras ganhará um departamento específico para tratar de escolas.
— Pela primeira vez em muito tempo temos dinheiro pra investir e precisamos dar mais velocidade às secretarias. Se o desafio do primeiro governo era o ajuste fiscal, o do segundo é de performance. O governo precisa ser mais ágil — detalha.
O secretariado deverá ser anunciado por blocos, possivelmente começando pelos atuais integrantes da equipe que permanecem, mesmo que troquem de função. Leite não confirma, mas nesse grupo devem estar Arita Bergmann (Saúde), Raquel Teixeira (Educação), Artur Lemos (Casa Civil), Leonardo Busato (Fazenda) e Cláudio Gastal (Planejamento).
A ideia de Leite é montar um secretariado mais plural do que o do primeiro governo, que não teve nenhum negro, por exemplo. As indicações dos partidos serão levadas em conta, desde que o nome sugerido tenha conhecimento da área em que vai atuar. Algumas áreas, como a educação e a gestão do sistema penitenciário, ficarão fora do rateio com os aliados na Assembleia.
Aliás
Eduardo Leite já conversou com o governador Ranolfo Vieira Júnior e o convidou para continuar contribuindo com o projeto, no cargo em que se sentir mais confortável. Ranolfo sinalizou que está disposto a colaborar, mas, depois de nove meses no Palácio Piratini, não se sabe se aceitaria, por exemplo, retornar à pedreira que é a Secretaria da Segurança Pública.
Direito sim, política não
Desde 2012, a cada eleição a história se repete: Pedro Fülber Simon, 28 anos, o filho caçula do ex-senador Pedro Simon, é sondado para concorrer a um cargo público. No momento, a política está fora dos planos do jovem advogado, que na noite de terça-feira (29) reuniu velhos caciques do MDB na comemoração dos cinco anos do escritório de advocacia que divide com dois ex-colegas de faculdade, Victoria Werner De Nadal e Vitor Kaiser.
No discurso, Pedrinho reafirmou que sua prioridade é a advocacia e que já está pensando na celebração dos 10 anos:
— A política não anda muito atrativa com essa radicalização toda.
O exemplo do irmão Tiago, que não conseguiu se reeleger e fez menos votos nesta eleição do que na primeira, em 2014, é mais um motivo para afastar o outro herdeiro de Simon da política.
A comemoração reuniu três ex-governadores — além do pai, José Ivo Sartori e Jair Soares. Amigos como Kalil Sehbe, Omar Ferri e Cezar Schirmer fizeram questão de partilhar a alegria do ex-senador com o sucesso do filho.