As pesquisas erraram ou foi o Edegar Pretto (PT) que conseguiu crescer na última hora? As duas afirmações são verdadeiras. As pesquisas não conseguiram captar todo o potencial de Onyx Lorenzoni (PL), ancorado na força do presidente Jair Bolsonaro (PL), nem a capacidade de associação da imagem de Edegar Pretto ao ex-presidente Lula (PT) e ao ex-governador Olívio Dutra (PT). Onyx chegou em primeiro lugar com 37,5% dos votos válidos, um índice que jamais teve nas pesquisas.
Nunca se viu na história das eleições no Rio Grande do Sul um resultado tão apertado na definição de quem iria para o segundo turno ou de quem venceria. Leite se classificou com apenas 2.441 votos, uma diferença mais compatível com a eleição de prefeito de cidade média do que de governador do Rio Grande do Sul.
Desde o início, a aposta de Edegar era capturar o eleitor de Lula, que estava associado a Leite. Dirigentes do PT reconheciam a dificuldade em quebrar o chamado “LuLeite”, mas mantinham a esperança de que crescimento à medida que o candidato se tornasse mais conhecido. Foi por isso que Edegar bateu igualmente em Leite e Onyx nos debates. Sabia que não tinha como tirar votos de um ex-ministro de Jair Bolsonaro e que, se havia uma chance de chegar ao segundo turno, era desidratando o ex-governador.
O segundo turno é outra eleição e cria um dilema para Leite, que em 2018 declarou voto em Jair Bolsonaro contra Fernando Haddad alegando que não podia votar no PT. Foi um apoio constrangido, mas publicamente ele nunca disse que se arrependeu — e Edegar explorou isso nos últimos debates.
Agora, Leite não terá alternativa senão tentar conquistar os eleitores que votaram em Edegar no primeiro turno. Isso significa declarar apoio a Lula, porque o candidato de Bolsonaro é Onyx. Não se trata de conquistar o apoio dos líderes do PT e do PSOL, mas de tentar atrair os eleitores desses partidos, que conquistaram bons resultados na eleição legislativa.
É improvável que algum dos 1.700.374 votos dados a Edegar migre para Onyx, mas Leite precisará brigar para que não virem brancos, nulos ou abstenções. É provável que possa contar com os de Vicente Bogo (PSB) e Vieira da Cunha (PDT), mas foram tão poucos que não são suficientes para fazer a diferença.
Onyx larga com vantagem, porque automaticamente herda os votos de Luis Carlos Heinze (PP). São 271.540, o que equivale a 4,28% dos votos válidos. Também devem migrar para Onyx os votos de Roberto Argenta (PSC) e Ricardo Jobim (Novo).