Na live que fez nesta sexta-feira (7) para agradecer aos gaúchos pelos mais de 1,7 milhão de votos recebidos, o candidato do PT, Edegar Pretto, contou que o ex-governador Eduardo Leite (PSDB) ligou para ele na quinta-feira (6) e que os dois ficaram de conversar novamente na próxima semana:
— Ontem de tardezinha o Eduardo Leite me telefonou. Botou as sandálias da humildade nos pés e me telefonou. Eu disse a ele que nós precisamos de um motivo. Nós queremos um motivo. Nossa prioridade é o presidente Lula. Ele declarou hoje a isenção. Me disse ontem que neste primeiro momento ele ia fazer essa opção (neutralidade). Quero ver se vai ter um segundo momento. Ficou de conversar comigo de novo a semana que vem, no início da semana. Nós queremos é motivo para definir o nosso voto. O certo é: a gente não vota no Bolsonaro e não vota no bolsonarismo.
Edegar começou fazendo um histórico de como foi a sua escolha como candidato e disse que “o PT saiu mais unido do que nunca”. Elogiou o vereador Pedro Ruas, seu vice, e o ex-governador Olívio Dutra, “que colocou seu nome à disposição para ser candidato ao Senado, mais pela nossa necessidade do que pela sua vontade”. Comparou a votação obtida pelo PT em 2018 para mostrar que, mesmo tendo ficado fora do segundo turno, o PT obteve resultados que devem ser comemorados no Rio Grande do Sul.
O candidato disse que a prioridade do PT deve ser derrotar o bolsonarismo, mas não quis avançar em relação ao voto no segundo turno. Justificou que aguarda “um motivo” e a definição do PT.
O partido marcou para segunda-feira (10) uma reunião da executiva com os deputados eleitos para discutir a posição no segundo turno. Na quinta-feira, o PT fez uma uma reunião de mobilização com os partidos que integram a Frente da Esperança, além de líderes de movimentos populares e sindicais.
Nas manifestações, foi consenso a necessidade de derrotar o candidato do presidente Jair Bolsonaro no Rio Grande do Sul, Onyx Lorenzoni (PL). A maioria dos líderes sustentou, no entanto, que o PT deve condicionar o apoio a Eduardo Leite com questões como não privatização da Corsan e do Banrisul.
A manifestação do ex-governador Tarso Genro, favorável ao apoio a Leite sem exigência de contrapartidas, foi isolada. O entendimento entre os outros líderes é de que os votos de Edegar não migram automaticamente para o tucano e que ele precisa dar "algum sinal" para o PT. Mais do que o voto no ex-presidente Lula, o que os petistas esperam de Leite é a palavra de que não vai vender o Banrisul, reivindicação semelhante à do PDT e do Solidariedade.
A avaliação é de que "militante em geral não vota Onyx", mas poderá anular, como muitos estão declarando nas redes sociais enquanto não sai uma orientação do partido. E voto nulo ou branco, na atual conjuntura, favorece Onyx.
Aproximação
Enquanto discute a posição oficial do partido a ser tomada no segundo turno, o PT conversa com grupos de líderes do MDB, PSDB e PSD que poderiam tornar público o apoio a Lula no Rio Grande do Sul. A ideia é obter o endosso de prefeitos e vereadores de legendas que vão além do espectro político da centro-esquerda e que possam fazer campanha para o ex-presidente até 30 de outubro.
Outro ponto levado em consideração pelos petistas é a possibilidade de Leite rever a posição de neutralidade até a data derradeira do segundo turno. A avaliação é de que, dependendo das pesquisas, o tucano poderia fazer um gesto a Lula e ao PT.