A ideia de que os militares terão um canal especial para fazer contagem paralela dos votos no dia 2 de outubro não passa de mais uma dessas fantasias difundidas para confundir os eleitores, sabe-se lá com que intenção. Sim, é possível que as Forças Armadas escalem soldados, tenentes ou generais para fotografar boletins de urnas e enviar o QR Code para o Comando de Defesa Cibernética do Exército. A OAB, as ONGs e até o Clube dos Corações Solitários podem fazer a mesma coisa, sem precisar de um pingo de sofisticação.
O secretário de Tecnologia da Informação do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RS), Daniel Wobeto, explica que a Justiça Eleitoral não abriu qualquer canal especial para as Forças Armadas. Qualquer pessoa ou instituição que quiser brincar de detetive pode fazê-lo.
Basta fotografar os boletins de urna que são afixados na porta da seção eleitoral. Assim que termina a votação, o presidente da mesa, na presença dos mesários e dos fiscais de partidos, procede ao encerramento daquela seção. A urna então imprime um boletim com a votação dada a cada candidato. Uma cópia é afixada na parede e quem quiser pode fotografar ou ler o código por uma aplicativo desenvolvido pela própria Justiça Eleitoral, o “Boletim na Mão”.
Os dados são copiados em um pen drive, de onde se transmite o resultado para o TSE. Em seguida, esses boletins ficam disponíveis na internet para quem quiser conferir se batem com o que se fotografou na porta da sessão.
As Forças Armadas têm suas funções previstas na Constituição. Contar votos não está entre elas. O ministro Luís Roberto Barroso, à época presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), achou que se convidasse as Forças Armadas para acompanhar o processo ganharia uma aliado de peso na defesa das urnas. Errou de boa fé.