Não é pelo Datafolha que os brasileiros terão a resposta sobre a pergunta que está na cabeça da maioria dos eleitores: haverá ou não segundo turno na eleição presidencial? O levantamento divulgado no início da noite desta quinta-feira (29) deixa o cenário em aberto.
Excluídos os eleitores que pretendem votar nulo ou em branco ou que ainda não se decidiram, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem 50% dos votos. Para um candidato ser eleito em primeiro turno, precisa fazer metade mais um dos votos válidos. Em outras palavras, um voto a mais do que a soma de todos os adversários.
Pelo Datafolha, Lula tem 50% dos votos válidos e o presidente Jair Bolsonaro (PL), 36%. Ocorre que a margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Portanto, Lula teria entre 48% e 52%. Bolsonaro, entre 34% e 38%. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) costuma divulgar os resultados contando apenas os votos válidos. Brancos e nulos são informados, mas aparecem num quadro à parte.
Quando se considera os votos totais, que é como as pesquisas costumam ser divulgadas ao longo dos meses, Lula tem 48% e Bolsonaro, 34%. Os dois subiram um ponto percentual em relação ao levantamento anterior. Portanto, dentro da margem de erro. Ciro Gomes (PDT) caiu de 7% para 6% e Simone Tebet (MDB) manteve os 5%. Soraya Thronicke (União Brasil) tem 1%, mesmo índice da pesquisa anterior. Todos os outros não chegam a 1%.
Somente 3% mantêm a intenção de votar nulo ou em branco e apenas 2% não souberam responder.
Diante desse cenário de cristalização das intenções de voto, a palavra mágica que pode modificar o resultado da pesquisa é abstenção. Pode parecer contraditório, já que o voto de quem fica em casa não conta, mas o enigma a ser decifrado é qual o perfil do eleitor que deixará de votar no domingo (2). As pesquisas não têm resposta para essa dúvida. Supõe-se que o eleitor de Bolsonaro é mais apaixonado, mas, como sua rejeição é de 52%, essa pode ser a motivação de quem não gosta dele para ir às urnas e votar em outro.
É por temer que o time do adversário esteja mais mobilizado que o seu que os candidatos usam os momentos finais da campanha para pedir aos simpatizantes que compareçam às urnas.
Outros dois fatores podem influenciar no resultado e desmentir o Datafolha: o debate da Globo e a clareza para digitar o número correto do candidato. Em 2018, milhões de votos foram anulados porque os eleitores não entendiam que o presidente era o último e que antes precisavam votar para deputado federal, deputado estadual, dois senadores e governador.
Em 2018, quase 30 milhões de eleitores não compareceram às urnas no primeiro turno, o que significa uma abstenção de 20,3%, o mais alto desde 1998, quando chegou a 21,5%. No Rio Grande do Sul, a abstenção foi de 18,1% em 2018.
Confira como foi a abstenção em 2018:
Região Sul
- Paraná - 17%
- Rio Grande do Sul - 18,1%
- Santa Catarina - 16,3%
Região Sudeste
- Espírito Santo - 19,3%
- Minas Gerais - 22,2%
- Rio de Janeiro - 23,6%
- São Paulo - 21,5%
Região Centro-Oeste
- Distrito Federal - 18,7%
- Goiás - 20,2%
- Mato Grosso - 24,6%
- Mato Grosso do Sul - 21,2%
Região Nordeste
- Alagoas - 22,6%
- Bahia - 20,7%
- Ceará - 17,3%
- Maranhão - 20,5%
- Paraíba - 15%
- Pernambuco - 17,9%
- Piauí - 15,7%
- Rio Grande do Norte - 17,1%
- Sergipe - 18,8%
Região Norte
- Acre - 19%
- Amapá - 16,7%
- Amazonas - 19,4%
- Pará - 20%
- Rondônia - 22,3%
- Roraima - 13,9%
- Tocantins - 20%