A uma semana da convenção estadual do MDB, multiplicam-se os sinais de que o partido acabará optando pela aliança com o PSDB e indicando o vice de Eduardo Leite, apesar da resistência de duas alas hoje minoritárias: a que deseja de fato a candidatura própria e a bolsonarista, que prefere a coligação com Onyx Lorenzoni (PL). Um dos sinais mais eloquentes é o silêncio dos deputados estaduais, que trabalharam pelo nome de Gabriel Souza no diretório, mas não fazem qualquer esforço para conter o movimento dos prefeitos em favor da aliança com o tucano.
Outro sinal de anemia da candidatura própria é a baixa adesão à petição pública encabeçada pelo ex-governador José Ivo Sartori, pelo senador Pedro Simon e pelo prefeito Sebastião Melo. Uma semana depois de lançada, a petição em defesa da candidatura própria do MDB ao Palácio Piratini contabilizava 697 assinaturas às 18h de sexta-feira (22), nem todas autênticas. Os signatários colocam apenas o primeiro nome e uma inicial do sobrenome. A petição virou alvo de gaiatos que assinaram usando o nome de adversários políticos.
Como no jogo político nem todo mundo mostra as cartas, os líderes do partido adotam o discurso oficial de que tudo pode acontecer no dia 31, mas nas conversas de bastidores admitem que a tese da aliança é hoje a favorita. Um dos líderes contrários à coligação com Leite elenca os sinais de que “o jogo está jogado”: o MDB segue com duas secretarias e centenas de CCs no governo, os prefeitos que trabalharam por Gabriel são os mesmos que agora defendem abertamente sua indicação como vice de Leite e os deputados estão todos cuidando de suas próprias campanhas.
Na manhã de sexta-feira, o candidato do PL a governador, Onyx Lorenzoni, esteve na sede do MDB acompanhado do vice-prefeito Ricardo Gomes (PL) e formalizou a oferta da vaga de vice. Disse que, como o MDB admitiu discutir a aliança com o PSDB, queria entrar na disputa pelo apoio do partido, garantia a vaga de vice a admitia rever a posição de Hamilton Mourão como candidato único na chapa, caso Sartori queira disputar o Senado.
O presidente do MDB, Fábio Branco, disse que a candidatura ao Senado não estava em discussão e que Sartori nunca autorizou qualquer especulação sobre possível candidatura ao Senado. Quem conhece o ex-governador garante que, se fosse para disputar o Senado, seria em chapa própria.
À coluna, Branco disse que recebeu Onyx “em um gesto de cortesia”, já que o MDB prega o diálogo. Outro líder do MDB contou que Branco consultou a executiva para saber se deveria receber o candidato do PL. Ouviu que, assim como recebeu Eduardo Leite, deveria conversar com outros candidatos que procurarem o MDB. O ex-ministro Luis Roberto Ponte, apoiador do presidente Jair Bolsonaro, acompanhou a reunião.
ALIÁS
Neste sábado (23), os coordenadores regionais do MDB terão nova rodada de conversas, pela plataforma Zoom, para discutir os caminhos do partido na eleição de outubro.
Cavaleiro solitário
Enquanto o apoio dos companheiros não sai da retórica para a prática, Gabriel Souza segue em pré-campanha pelo interior, participando do lançamento de candidatos a deputado estadual e federal. Esteve em Panambi na quinta-feira (21) e em Ijuí, Cruz Alta e Quinze de Novembro nesta sexta-feira. Quinze de Novembro é administrada pelo presidente da Associação dos Prefeitos e Vices do MDB, Gustavo Stolte, entusiasta da aliança com Leite. Com essas quatro cidades, Gabriel atingiu 100 municípios visitados desde o lançamento da pré-campanha, em 27 de março.
No domingo (24), o deputado fará uma tentativa derradeira de aliança com o PDT. A direção do partido e o pré-candidato Vieira da Cunha serão recepcionados com um jantar na residência de Gabriel em Tramandaí.