O caráter eclético da Fecomércio proporcionou inusitados encontros na noite de segunda-feira (18), durante o jantar de posse da nova diretoria. Na mesa do presidente Luiz Carlos Bohn sentaram-se três pré-candidatos: Luis Carlos Heinze (PP), Onyx Lorenzoni (PL) e Gabriel Souza (MDB). Heinze representava o Senado, Onyx a Câmara e Gabriel a Assembleia. Entre uns e outros, o governador Ranolfo Vieira Júnior, o prefeito Sebastião Melo, o presidente da Fiergs, Gilberto Petry, o procurador Fabiano Dallazen, representando o Ministério Público, e o desembargador Antônio Maria Rodrigues de Freitas Iserhard, pelo Tribunal de Justiça.
Na mesa ao lado, o ex-governadores Eduardo Leite (PSDB) e José Ivo Sartori (MDB), acompanhado da esposa Maria Helena. Entre Leite e Sartori, o senador Lasier Martins (Pode) e o presidente da Câmara, Idenir Cecchim, esforçados na tarefa de distender o ambiente. Por serem ex-governadores, os dois teriam ficado lado a lado, não fosse a iniciativa de Cecchim, que chegou mais cedo, de trocar os cartõezinhos e com o nome de cada um.
— Entre eles houve apenas um cumprimento protocolar, mas nenhuma saia justa. Foi um jantar muito tranquilo. Nem uma vírgula a mais, nem um ponto a menos — resumiu Cecchim.
Outros dois pré-candidatos, Vieira da Cunha (PDT) e Edegar Pretto (PT) participaram do jantar, mas, como chegaram mais tarde, acomodaram-se em mesas diferentes.
— Nós da Fecomércio não temos partido, mas valorizamos a pluralidade e reconhecemos os políticos que pensam como nós e defendem as nossas causas. Foi uma noite de confraternização — disse Bohn sobre o jantar que reuniu expoentes do mundo político e empresarial.
Bohn pretendia que todos os pré-candidatos e ex-governadores falassem, mas Petry sugeriu que se encurtassem os discursos. O prefeito Sebastião Melo e o governador Ranolfo Vieira Júnior fizeram uma breve manifestação e contaram ao microfone que Petry os orientou a não se estenderem.
— Poderiam ter falado mais. O Melo falou 45 segundos e o Ranolfo, um minuto — comentou o presidente da Fecomércio.
Adepto do diálogo, Bohn está preocupado com a radicalização na política, verbalizada nas redes sociais:
— O sociólogo Fernando Schüller nos ensinou que a radicalização sempre existiu, mas antes os veículos de comunicação faziam a moderação e evitavam a proliferação do discurso de ódio. Hoje as pessoas se expressam diretamente nas redes sociais e despejam sua agressividade sem nenhuma mediação.