Separados por mais de 2 mil quilômetros, dois eventos da noite de segunda-feira (27) tornaram ainda mais evidente a dificuldade de uma chapa que una o PT e o PSB no Rio Grande do Sul, apesar dos discursos em favor do diálogo. Em Brasília, o pré-candidato do PSB, Beto Albuquerque, recebeu aval do comando do partido para procurar outras parcerias, se o PT continuar insistindo em encabeçar a chapa. No mesmo horário, em Porto Alegre, o pré-candidato do PT, Edegar Pretto, e o ex-governador Olívio Dutra comemoravam seu aniversário em já tradicional ato político conjunto. Olívio fez 81 anos e Pretto, 51.
Nas mensagens gravadas em vídeo ou nos discursos presenciais, os petistas não deixaram margem para outra hipótese que não seja a candidatura de Pretto. Foi Olívio quem puxou o assunto, depois de falas dos dois sobre o combate à fome, já que o aniversário foi uma homenagem aos líderes de cozinhas comunitárias e do setor cultural.
— Logo vem a convenção, e vamos consolidar Edegar como nosso candidato. O povo precisa estar bem representado, e, junto com Lula, queremos um projeto de resgate deste país, com o protagonismo das pessoas — disse Olívio.
Pretto agradeceu a presença de líderes do PV e do PCdoB, partidos que já estão com o PT na federação, e o diálogo com Pedro Ruas, do PSOL. E acrescentou:
— Nós não desistimos ainda de ter o PSB conosco. Já conversamos, e voltaremos a conversar na quarta-feira. Se depender da nossa federação, vamos constituir uma frente capaz de eleger o presidente Lula no primeiro turno, e aqui no RS vamos para o segundo turno.
Enquanto se sucediam os discursos e a exibição das mensagens dos petistas, Beto recebia da direção do PSB uma espécie de "carta de alforria". Pela manhã, antes de embarcar no voo que o trouxe de volta ao Rio Grande do Sul, escreveu em seu perfil no Twitter: “Bom dia gaúchos e gaúchas! O @PSBnacional40 confirmou a minha pré-candidatura a governador e assegurou a estrutura para tanto. Estou autorizado a fazer coligação com partidos do campo progressista que se opõem a Bolsonaro. Minha candidatura é sólida, tem experiência e diálogo”.
A intenção de Beto é esgotar todas as possibilidades de acordo com a federação PT-PCdoB-PV e, se a conversa não prosperar, procurar o PDT e o PSD. O tom das mensagens enviadas a Pretto sugere que o PT não pensa em abrir mão de indicar o candidato.
A ex-presidente Dilma Rousseff desejou “que o maior presente para Edegar seja o privilégio de governar este Estado”. O ex-governador Tarso Genro expressou o sentimento “de estar com Edegar e levá-lo ao Palácio Piratini, para que possa devolver ao Rio Grande do Sul os melhores momentos históricos da dignidade política”. O senador Paulo Paim lembrou que “Edegar foi escolhido para liderar um novo projeto para o Rio Grande do Sul e reconstruir o Brasil junto com o presidente Lula”.