Diante de uma plateia de empresários e líderes do MDB, o ex-presidente Michel Temer disse nesta quarta-feira (13) que não vê risco de ruptura institucional nem de o presidente Jair Bolsonaro tentar impedir a posse de quem for eleito em outubro. Em palestra no almoço do Lide — Grupo de Líderes Empresariais, Temer disse que conhece as Forças e tem convicção de que os comandantes cumprirão a Constituição.
— Nós vamos eleger um presidente e quem for eleito vai tomar posse em 1º de janeiro. As Forças Armadas não estão dispostas repetir o que fizeram em 1964. O que me preocupa é que essa radicalização pode levar a uma instabilidade política que se estenda até 2026, o que afugentaria investidores e frearia o crescimento do Brasil.
O ex-presidente sugeriu que tão logo sejam proclamados os resultados da eleição o escolhido para presidir o Brasil conclame a oposição, os governadores, os deputados, os senadores e representantes da sociedade civil para um pacto nacional:
— Temos de reconstruir o Brasil sem olhar para o retrovisor e fazer o que os espanhóis fizeram no Pacto de Moncloa.
Provocado por seu ex-ministro e amigo Carlos Marun e questionado por um dos participantes do almoço sobre a possibilidade de ser ele o candidato da terceira via, o ex-presidente esboçou um sorriso e respondeu:
— Não, porque eu já passei. O fato de cogitarem meu nome é um reconhecimento ao que fizemos no governo. Se a eleição fosse aqui (no almoço), eu venceria, mas são necessários 60 milhões de votos.
Diplomático, o ex-presidente evitou críticas mais contundentes ao presidente Jair Bolsonaro e ao ex-presidente Lula, mas defendeu uma candidatura alternativa, moderada, para pacificar o país:
— Uma terceira via seria uma homenagem ao eleitorado. No Brasil se vota contra e não a favor. Precisamos mudar os costumes políticos e votar a favor de um projeto e não contra o candidato que consideramos o pior.
Para Temer, as definições de esquerda, centro e direita estão ultrapassadas:
— O que o povo quer é resultado.
O almoço reuniu as diferentes alas do MDB. Os organizadores tiveram o cuidado de não colocar na mesma mesa os ex-amigos Alceu Moreira e Gabriel Souza. Na definição de lugares, Gabriel ficou na mesa de Temer e Alceu foi acomodado junto ao presidente do MDB, Baleia Rossi.
Os ex-governadores Germano Rigotto e José Ivo Sartori participaram do almoço. Sartori evitou falar de política, mas, quando Baleia Rossi disse que uma das piores notícias que recebeu neste ano foi a de que ele não seria candidato.
— Eu não falei nada — disse Sartori rindo.