Tradicional desde a criação do Fórum da Liberdade, em 1989, o debate dos candidatos a presidente precisou ser substituído neste ano por um painel sobre os caminhos políticos para o Brasil com os dois únicos que aceitaram o convite: Felipe D’Avila (Novo) e Sergio Moro (União Brasil). Foram convidados também Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Jair Bolsonaro (PL), Ciro Gomes (PDT), João Doria (PSDB) e Simone Tebet (MDB), mas nenhum se dispôs a participar.
Moro e D’Avila acabaram concordando em quase tudo, embora o representante do Novo tenha sido mais enfático na defesa do liberalismo, seja por ter mais desenvoltura no debate político, seja porque essa é a pauta norteadora das ações do partido.
Moro repetiu para a plateia reunida no Centro de Eventos da PUCRS o que dissera na véspera em Caxias do Sul: que fez um recuo estratégico para viabilizar a terceira via, mas está na pista — para usar a expressão do ex-governador Eduardo Leite (PSDB).
Antes de ir para o Fórum da Liberdade, os dois visitaram o Grupo RBS e conversaram com jornalistas. D’Avila reafirmou que está fora dessas articulações e não acredita que a terceira via prospere:
— Terceira via com o MDB? Com João Doria insistindo em ser candidato a qualquer custo? Com Luciano Bivar, do União Brasil? Difícil acreditar que desse grupo de partidos saia um nome de consenso.
Se há um ponto que une os dois mais do que qualquer outro é a rejeição a Lula e Bolsonaro. Moro e D’Avila têm convicção de que a vitória de um dos dois que lideram as pesquisas hoje será nociva para o país. E num eventual segundo turno entre Lula e Bolsonaro, o que fariam? Nenhum dos dois cogitou de ir para Paris, como fez Ciro Gomes (PDT), em 2018, quando Bolsonaro e Fernando Haddad (PT) se enfrentaram no segundo turno.
D’Avila foi enfático: entre Lula e Bolsonaro, vota nulo com convicção, para que o Novo possa fazer o que chama de “oposição responsável” no Congresso. Moro desconversou, mas, pelas críticas que fez aos dois nas respostas anteriores, deu a entender que iria pelo mesmo caminho.