O comportamento errático do ex-governador Eduardo Leite, que renunciou no final de março para tentar se cacifar para ser o candidato da terceira via, sem fechar a porta para a reeleição, está causando estranheza entre antigos aliados. No MDB, que ainda espera contar com o apoio de Leite ao deputado Gabriel Souza, o ex-governador está sendo chamado de “esfinge”, apelido que já foi do ex-governador José Ivo Sartori.
Nesta terça-feira (26), antigos aliados a quem prometera não disputar a reeleição ficaram em polvorosa ao ler o texto do jornalista Gerson Camarotti, da GloboNews, com o título “Após sair da corrida presidencial, Eduardo Leite deve disputar o governo do Rio Grande do Sul”. O título no condicional, acompanhado de texto assertivo que diz “depois de sair da corrida presidencial, o ex-governador Eduardo Leite afirmou a interlocutores que deve entrar na disputa pelo governo gaúcho a fim de retornar ao Palácio Piratini”, surpreendeu até líderes do PSDB. Ainda que não descartem essa hipótese e até trabalhem por ela, os tucanos garantem que Leite não decidiu nada e que Camarotti se precipitou na conclusão.
Na gravação do podcast Zona Eleitoral, que entra no ar às 7h desta quarta-feira, Leite foi questionado sobre a possibilidade de concorrer a governador e tergiversou:
— Vou participar ativamente do processo da sucessão. Não quer dizer que seja como candidato. O nome que o PSDB apresenta é o do governador Ranolfo (Vieira Junior).
À coluna, disse que está preocupado com possíveis retrocessos no Rio Grande do Sul por conta de uma eventual replicação da polarização nacional na eleição local.
No dia da renúncia ele havia deixado uma porta aberta para disputar o Piratini ao afirmar:
— A renúncia me abre todas as possibilidades e não me retira nenhuma.
Traduzindo: para ser candidato a presidente, senador ou deputado, ele precisaria renunciar, mas não ficaria impedido de disputar o Piratini. A dificuldade não é legal, mas política, já que passou a campanha de 2018 e todo o período de governo jurando que não seria candidato à reeleição. Foi essa certeza que facilitou a aprovação de projetos polêmicos, quase todos com placar apertado.
Ranolfo tem dito que não será empecilho. Que é pré-candidato, mas desistiria em favor de Leite. O MDB, dividido na escolha de Gabriel, não admite recuar.
— O MDB terá candidato próprio, independentemente da decisão dele (Leite), a quem respeitamos — disse à coluna o presidente do MDB, Fabio Branco.
ALIÁS
Outro sinal de que Eduardo Leite não está fora do jogo eleitoral no Estado é o fato de ser ele a principal estrela dos programetes do PSDB no horário da propaganda partidária. Pesquisas qualitativas e quantitativas mostram que ele está na liderança, mas não é fácil quebrar a tradição gaúcha de não reeleger governador.