Com a escolha do coronel da reserva Vanius Santarosa para o cargo de secretário da Segurança Pública, o governador Ranolfo Vieira Júnior termina de derrubar um tabu que começou a cair quando ele próprio foi nomeado para o cargo, em 2019. Até então, a cada troca de governo dizia-se que o secretário da Segurança não podia ser um delegado da Polícia Civil nem um coronel da Brigada Militar porque a outra corporação não aceitaria.
Ranolfo abriu caminho para a derrubada desse tabu porque não era apenas um delegado; era o vice-governador eleito, e a ele o então governador Eduardo Leite confiou um dos seus projetos mais caros, o RS Seguro. Ranolfo chamou um coronel para ser seu adjunto e apostou na integração entre as instituições para tocar a secretaria.
Quando começou a se aproximar o período de deixar a secretaria para ser candidato e ficou claro que assumiria também o comando do Palácio Piratini, Ranolfo citou Santarosa entre os que poderiam sucedê-lo. Na lista estavam também a então chefe de Polícia, Nadine Anflor, o adjunto de Ranolfo na SSP, coronel Marcelo Frota, e outro ex-comandante da Brigada Militar, o coronel Mario Ikeda, hoje secretário da Segurança em Porto Alegre.
Santarosa foi escolhido porque, além de ser um dos quadros mais preparados da Brigada Militar, ao tempo em que comandou a corporação, teve perfeita sintonia com a chefia de Polícia, e essa parceria produziu bons resultados nos indicadores de criminalidade. À época, o próprio Ranolfo lamentou que as regras da Brigada obrigassem um coronel tão jovem a ir para a reserva no auge da capacidade de trabalho.
Esse tabu impediu que em outros momentos da história do Rio Grande do Sul delegados e coronéis altamente qualificados ocupassem a Secretaria da Segurança. Diferentes governadores optaram por políticos, delegados da Polícia Federal, membros do Ministério Público e até do Exército, temendo uma guerra entre a Polícia Civil e a Brigada Militar. Espera-se que a partir de Ranolfo e Santarosa, com as corporações trabalhando de forma integrada, nos próximos anos, os critérios sejam o currículo, a competência e a capacidade de trabalho.