
Os próximos 50 dias serão decisivos para o futuro do governador Eduardo Leite, que está diante de outra fresta para ser candidato a presidente da República. Para que essa fresta se transforme em porta ou janela, é preciso que uma série de movimentos hoje ensaiados nos bastidores ganhem sincronia. Derrotado por João Doria na prévia do PSDB, em 21 de novembro, Leite foi convidado por Gilberto Kassab para ser candidato a presidente pelo PSD, mas hesita em sair do PSDB, partido que escolheu ainda na adolescência.
Como Doria não saiu do lugar em quase três meses (em algumas pesquisas até regrediu), a ala do PSDB que apoiou Leite na prévia pressiona para que o governador de São Paulo desista e abra caminho para uma aliança liderada pelo gaúcho, em parceria com o MDB e o União Brasil. Nessa construção, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) seria a vice de Leite.
O presidente nacional do MDB, Baleia Rossi, vem discutindo com líderes tucanos e do União Brasil (DEM-PSL) a formação de uma federação, espécie de casamento de quatro anos. Engendrada com o objetivo de salvar da extinção os pequenos partidos, com o fim das coligações na eleição para vereador, deputado estadual e deputado federal, a federação pressupõe um pacto de fidelidade que garantiria ao eleito (prefeito, governador ou presidente) um mínimo de governabilidade sem ceder à chantagem dos oportunistas de plantão.
Esse arranjo esbarra em Doria, que não dá sinais de que possa abrir mão da candidatura. E com ele o MDB e o UB não querem conversa. Leite poderia ainda atrair o PSD, aliando-se a ele sem precisar deixar o PSDB. A esperança dos articuladores que tentam desesperadamente construir uma terceira via é que a conhecida vaidade de Doria o faça desistir como forma de evitar um vexame nas urnas.
Pesquisas encomendadas por esses partidos constaram que Doria tem um governo bem avaliado, mas sua rejeição pessoal faz dele um candidato com teto baixo. Para ser candidato a presidente, Doria precisa renunciar ao governo de São Paulo até 2 de abril. É a mesma data-limite para Leite renunciar ou trocar de partido. Caso continue no governo a partir de abril, o único cargo a que pode concorrer é o de governador, o que o faria descumprir a promessa de não disputar a reeleição.
Na segunda-feira (7), Leite participou de um programa transmitido no Youtube com o prefeito do Rio, Eduardo Paes, que reforçou o convite para que ele migre e seja candidato pelo PSD. O governador gaúcho disse que a renúncia para concorrer “é possível, mas não provável” e que não quer ser obstáculo à terceira via.
Leite afirmou que se impõe a discussão sobre um candidato com viabilidade e carimbou Doria e Sergio Moro como inviáveis:
— Moro e Doria não são novidade e têm rejeição muito alta.
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