O jornalista Bruno Pancot colabora com a colunista Rosane de Oliveira
Em visita ao Rio Grande do Sul, o embaixador da Alemanha no Brasil, Heiko Thoms, ouviu de empresários gaúchos uma provocação: usar a expertise alemã para despoluir o Rio do Sinos e o Guaíba e, ao mesmo tempo, ampliar a cooperação entre os dois países. O embaixador alemão esteve no Estado na segunda-feira (22) e se reuniu com autoridades e dirigentes da Câmara Brasil-Alemanha.
Segundo o presidente da entidade, Marcus Coester, o objetivo da parceria é utilizar a experiência da Alemanha, que despoluiu o Rio Reno, e replicar a ação no Rio Grande do Sul.
— Tem que ser um pacto com governo do Estado, governos municipais e entidades para se buscar um programa ambicioso e objetivo. A Alemanha pode trazer a referência para isso - diz Coester.
O Rio do Sinos é simbólico para a parceria porque foi através dele que chegaram os primeiros imigrantes da Alemanha ao Estado. Em 2024, inclusive, comemora-se o bicentenário da imigração alemã.
O principal desafio para despoluir o Sinos e o Guaíba é avançar na coleta e no tratamento de esgoto, que hoje é despejado diretamente nos rios. Segundo Coester, o marco legal do saneamento pode ser um aliado para melhorar os índices de tratamento de esgoto ainda muito baixos no Brasil a partir da entrada de investimento privado no setor.
— Se parássemos de poluir, o rio se despoluiria em poucos meses. É preciso impedir que a poluição chegue ao rio ou minimizar isso. Tratar a poluição sólida e essencialmente o esgoto — explica.
A expectativa da Câmara Brasil-Alemanha é que o país europeu auxilie o Estado com cooperação técnica, estruturação dos projetos de despoluição e investimentos de bancos alemães — em especial, o KfW, banco de desenvolvimento da Alemanha que atua como o BNDES no Brasil, e a Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ), a agência alemã de cooperação internacional.
— Agora temos que nos movimentar. O embaixador abriu as portas, colocou a embaixada à disposição. É uma ideia, um conceito. Agora precisamos nos movimentar — afirma o presidente Coester.