Jornalista formada pela PUCRS, colunista de Política de ZH e apresentadora do programa Gaúcha Atualidade, na Rádio Gaúcha.

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Com Bolsonaro no PL, como fica o jogo de forças para 2022 no Rio Grande do Sul

Onyx Lorenzoni deve acompanhar o presidente e fortalecer candidatura ao Piratini

Rosane de Oliveira

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Carolina Antunes / Presidência da República/Divulgação
Ministro do Trabalho, hoje filiado ao DEM, estará no mesmo partido do presidente em 2022

A confirmação de que o presidente Jair Bolsonaro irá para o Partido Liberal (PL) tem forte impacto nas eleições para o governo do Rio Grande do Sul e para a Câmara dos Deputados e Assembleia Legislativa. Com Bolsonaro, irá o ministro do Trabalho, Onyx Lorenzoni (DEM), que será o candidato do PL ao Palácio Piratini. Onyx já tinha acertado a ida para o PL antes da decisão de Bolsonaro, que à época ainda negociava com o Progressistas (PP). 

Há três semanas, Onyx reuniu cerca de 300 líderes do DEM (prefeitos, vices, vereadores e dirigentes partidários) no Hotel Deville e selou seu destino. O presidente do PL no Rio Grande do Sul, Giovani Cherini, participou do encontro e formalizou o convite para que Onyx seja candidato a governador. O secretário do Desenvolvimento Econômico de Porto Alegre, Rodrigo Lorenzoni, filho de Onyx, deverá concorrer a deputado federal pelo partido. 

Ainda não se sabe quais dos eleitos pelo DEM e pelo PSL em 2018 acompanharão Bolsonaro. O deputado tenente-coronel Luciano Zucco estava com a filiação ao PP bastante encaminhada, assim como Vilmar Lourenço. O federal Ubiratan Sanderson deve acompanhar Bolsonaro. Bibo Nunes tentou convencer o presidente de que o melhor caminho seria o PSC, com quem está negociando, mas foi ignorado. 

O ministro do Trabalho foi também um dos principais responsáveis pela opção de Bolsonaro pelo PL. O presidente estava em negociações avançadas com o PP de Ciro Nogueira, chefe da Casa Civil, mas nesta segunda-feira (8) ligou para o chefão do PL, Valdemar Costa Neto, e comunicou que a decisão está tomada. Pesaram na escolha de Bolsonaro o tamanho e capilarização do PL, que tem a terceira maior bancada na Câmara e, portanto, tempo de TV e dinheiro para a campanha. 

Contra o PP, foi decisivo o fato de que parte dos líderes do partido no Nordeste está comprometida com o ex-presidente Lula (PT). Na Bahia, o PP participa do governo de Rui Costa (PT). Menos importante, mas com algum impacto na escolha, é o fato de o PP ser um partido “mais difícil de negociar”, porque tem caciques demais. 

Twitter / Reprodução

No PL, os novos filiados terão de engolir o que disseram de Costa Neto à época do mensalão, escândalo do qual foi um dos protagonistas. Em 2016, o vereador Carlos Bolsonaro publicou em seu Twitter um link para reportagem da revista Época e escreveu: “Exclusivo: Delator aponta propina de 3,5% para PR e Valdemar Gosta Neto nos contratos de Furnas”. PR era o antigo nome do PL.  Na tarde desta segunda-feira (8), a postagem não estava mais disponível.

A opção de Bolsonaro pelo PL cria problemas para o senador Luis Carlos Heinze, já lançado pelo PP como candidato a governador. Ele e Onyx disputam a mesma fatia do eleitorado. Entre os articuladores da candidatura de Onyx a expectativa é de que Heinze desista, até porque uma das hipóteses em discussão é o PP indicar o vice de Bolsonaro. 

Aliás

No PP do Rio Grande do Sul, a opção de Bolsonaro pelo PL provocou alívio nos líderes que desejam apoiar o governador Eduardo Leite se ele vencer a prévia do PSDB. O partido não está totalmente fechado com Bolsonaro.

História que se repete  

Caso se confirme a indicação de um vice do PP para o presidente Jair  Bolsonaro, estará aberto o caminho para que a aliança com o PL se reproduza no Rio Grande do Sul.  A deputada Silvana Covatti, hoje secretária da Agricultura, já colocou seu nome à disposição para concorrer a vice-governadora ou ao Senado.  

Difícil será convencer a família do senador Luis Carlos Heinze de que ele deve abrir mão da candidatura mais uma vez. Em 2018, o então deputado federal seria candidato, mas acabou sendo forçado a disputar o Senado quando Ana Amélia Lemos aceitou ser vice de Geraldo Alckmin. 

Heinze não se engajou na campanha, trabalhou por Bolsonaro e se elegeu senador.

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