Ainda de forma silenciosa, um grupo do MDB atua nos bastidores para tentar viabilizar a candidatura de Cezar Schirmer a governador em 2022. O movimento é capitaneado por integrantes da velha guarda do MDB, que não querem o deputado federal Alceu Moreira como candidato, nem aprovam a aproximação com o PSDB. Nesse grupo há nomes históricos do MDB, alguns francamente favoráveis ao presidente Jair Bolsonaro e críticos do governo Eduardo Leite.
A possível entrada de Schirmer na prévia, que deve ser marcada para final de fevereiro ou início de março, começou a ser construída antes do encontro regional de Santa Maria, em que o ex-prefeito fez um dos discursos mais aplaudidos. O movimento enfrenta resistência por parte de emedebistas que consideram a candidatura inviável por conta do desgaste de Schirmer em função do incêndio da boate Kiss. Mesmo que ele não tenha sido indiciado, o fato de o julgamento dos réus ocorrer no final deste ano remexe em um assunto que abalou a carreira política do agora secretário de Planejamento e Assuntos Estratégicos do governo Sebastião Melo.
Amigos acreditam que Schirmer se reabilitou quando foi secretário da Segurança Pública de José Ivo Sartori e foi absolvido pelas urnas ao se eleger vereador de Porto Alegre. A votação, no entanto (3.484 votos), ficou abaixo da esperada. Com uma das campanhas mais vistosas do MDB, a expectativa era de que fizesse pelo menos 15 mil votos.
A dúvida é se Schirmer disputaria uma prévia com Alceu Moreira, que não dá sinais de que esteja disposto a recuar e aposta no trabalho que fez na base do MDB como presidente estadual. Outro candidato é o empresário Roberto Argenta, recém filiado ao MDB. O presidente da Assembleia, Gabriel Souza, tem dito que não disputa com Alceu, mas se o deputado desistir, estará no páreo. O ex-vice-governador José Paulo Cairoli, outro que se filiou recentemente, tem a simpatia de vários líderes do partido, mas enfrenta o mesmo problema de Argenta: é “cristão novo” no MDB.
Um dos mais conhecidos líderes do MDB teme que a prévia, se malconduzida, possa deixar sequelas no partido. O único nome de consenso no MDB é o do ex-governador José Ivo Sartori, que tem dito que não será candidato.