Depois do encontro do MDB na sexta-feira, em Caxias do Sul, restam poucas dúvidas de que o MDB escolherá seu candidato a governador em uma prévia e não em 4 de dezembro, como anunciara o presidente estadual Alceu Moreira. A prévia deverá ocorrer na segunda quinzena de janeiro ou primeira de fevereiro, ficando o 4 de dezembro para o que o ex-governador Germano Rigotto definiu como "uma festa de lançamento do plano de governo".
A chave para essa conclusão está no discurso do ex-governador José Ivo Sartori, a pretexto de agradecer a homenagem prestada a ele, Rigotto e Pedro Simon. Só não entendeu quem não quis os recados diretos e indiretos dados por Sartori no encontro de Caxias. O ex-governador mediu as palavras para fazer jus ao apelido de esfinge, a figura que precisa ser decifrada porque não diz as coisas de forma direta e desde que deixou o governo se recusa a dar entrevistas, seja qual for o assunto proposto.
O primeiro recado é que não será candidato a governador em 2022, como pediam os militantes do MDB, num coro de "um, dois, três, Sartori outra vez". À moda Sartori, disse que já deu sua contribuição e que o MDB precisa se renovar. Só não foi mais explícito na recusa em ser candidato porque a velha guarda do partido, com quem se reuniu na véspera, pediu que deixasse no ar alguma esperança, até que se construa uma candidatura alternativa à do presidente Alceu Moreira.
Nesse ponto, Sartori deixou claro que ele e seu grupo não querem Alceu. É claro que ele não disse, mas, ao defender a prévia, registrou que o empresário Roberto Argenta "já disse que quer ser candidato". Mencionou que o ex-vice-governador José Paulo Cairoli "ainda não disse se aceita", mas ressaltou que espera contar com os dois. Sobre a pré-candidatura de Alceu, que está em campanha aberta e até procurando vice, nenhuma palavra.
– Foi até meio deselegante com Alceu – reconhece um dos participantes do encontro.
Se quiser ser candidato, Alceu terá disputar a prévia com Argenta, cristão novo que botou na cabeça que será governador, mas não tem apoio na base do MDB, e, talvez, com Cairoli. Embora também tenha entrado agora e diga que não pretende ser candidato, Cairoli tem uma relação muito próxima com Sartori e com outros próceres do partido.
Somente se Alceu desistir de disputar a prévia, o deputado estadual Gabriel Souza entrará na disputa. Seria a renovação proposta por Sartori, com a vantagem de ter trânsito no PSDB, o que facilitaria uma aliança.
ALIÁS
Se o MDB atrasar demais a definição de seu candidato, corre o risco de ficar sem parceiros para uma aliança. A ala bolsonarista, que gostaria de apoiar Luis Carlos Heinze, é minoritária. Na reunião de Caxias ficou claro que o MDB terá candidato, mesmo que tenha de concorrer sem coligação.