Desde que o voto direto para governador foi retomado depois da ditadura, nunca se chegou ao dia que marca a distância de um ano para a eleição com o cenário tão carente de nomes fortes como se verifica na sucessão de Eduardo Leite. A inexistência de favoritos e o fato de os eleitores estarem alheios ao debate eleitoral deixa o quadro de 2022 completamente em aberto.
Parte dessa situação pode ser explicada pelo fato de Leite, desde o início, ter deixado claro que não seria candidato à reeleição. Por ter formado uma base ampla na Assembleia, o governador não preparou um sucessor. A justificativa é de que deu prioridade à aprovação das reformas e que, se tentasse usar o Piratini como plataforma de lançamento de um candidato, não teria conseguido aprovar projetos impopulares, mas considerados necessários para romper o histórico de o Estado gastar mais do que arrecada.
— Não trabalhei com a lógica eleitoral. Se sou contra a reeleição, seria contraditório governar pensando em eleger um sucessor a qualquer custo. Os partidos que integram nosso governo não poderão reclamar de favorecimento a A ou B — disse Leite à coluna.
Dos pré-candidatos lançados ou cogitados para o Piratini em 2022, nada menos do que cinco são de partidos da base do governo: Alceu Moreira (MDB), Ranolfo Vieira Júnior (PSDB), Luis Carlos Heinze (PP), Beto Albuquerque (PSB) e Onyx Lorenzoni, eleito pelo DEM, que já ocupou espaços importantes no governo, poderá ser candidato por outro partido. Uma das opções é o PTB, antigo partido de Ranolfo e que ainda hoje ocupa postos importantes. As outras, o Republicanos e o PL, também, com cargos em todos os escalões.
De oposição ao governo Leite, somente Edegar Pretto (PT), Romildo Bolzan (PDT) e o nome que o PSOL indicar (Pedro Ruas ou Jurandir Silva). Outros partidos que ainda não sinalizaram o que farão também fazem parte da base, como o PSD.
Histórico de sucessos improváveis e fracassos impensáveis
Ser favorito a um ano da eleição não significa que aquele nome será o vitorioso ou mesmo que passará para o segundo turno, mas, desde 1982, alguém despontava como “candidato forte”. Em 1982, esse nome era Pedro Simon (MDB), líder da resistência, mas o PDS, herdeiro da antiga Arena, fez uma prévia, lançou Jair Soares e ele acabou eleito. À época, não havia segundo turno. Derrotado, Simon passou mais quatro anos como favorito e se elegeu em 1986.
Com o advento do segundo turno, somente em uma eleição o governador foi eleito no primeiro: Tarso Genro (PT), em 2010. Na primeira eleição com dois turnos, em 1990, havia três candidatos fortes: Alceu Collares (PDT), Nelson Marchezan (PDS) e José Fogaça (MDB). Collares derrotou Marchezan no segundo turno.
Em 1994, Antônio Britto (MDB) e Olívio Dutra (PT) se enfrentaram no segundo turno. Deu Britto. Instituída a reeleição, quatro anos depois, os dois repetiram o embate. Deu Olívio, único governador antes de Leite a não disputar a reeleição. Não que Olívio não quisesse: em 2002, como estava desgastado, o PT preferiu lançar Tarso Genro. Tudo indicava que a final seria entre Britto e Tarso, mas o eleito foi Germano Rigotto, que largou com 2% e chegou à frente.
Candidato à reeleição em 2006, Rigotto aparecia nas pesquisas como favorito, mas acabou ficando fora do segundo turno, disputado por Yeda Crusius (PSDB) e Olívio Dutra. Yeda tornou-se a primeira mulher a governar o Rio Grande do Sul, mas na eleição seguinte (2010), vencida por Tarso no primeiro turno, ficou em terceiro lugar.
Quatro anos depois, tudo indicava um segundo turno entre Tarso e a então senadora Ana Amélia Lemos (PP), mas o “gringo” José Ivo Sartori (MDB) acabou disputando o segundo turno com o candidato do PT e venceu.
Em 2018, o Rio Grande do Sul teve uma seleção de nomes fortes na disputa. Um ano antes, as pesquisas sugeriam um segundo turno entre Sartori e Jairo Jorge (PDT), mas o ex-prefeito de Pelotas Eduardo Leite (PSDB) acabou surpreendendo e chegando à frente. Com o discurso de que não seria candidato à reeleição e a promessa de equilibrar as contas do Estado e voltar a pagar os salários em dia, venceu a eleição e, agora, sonha com o Palácio do Planalto e disputa a prévia do PSDB para tentar ser a terceira via entre o ex-presidente Lula (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (ainda sem partido), que lideram as pesquisas.
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