O tabuleiro da sucessão de Eduardo Leite (PSDB) no Palácio Piratini só deverá tomar forma no primeiro trimestre de 2022, porque várias peças estão encadeadas. A montagem dos palanques no Estado passa pela prévia nacional do PSDB, marcada para 28 de novembro, e que — se nenhum desistir — será disputada por Leite, João Doria (SP), Tasso Jereissati (CE) e Artur Virgílio (AM).
Se não for candidato a presidente, Leite não pretende concorrer ao Senado nem a deputado federal. Nesse caso, cumprirá a o mandato até o fim, o que liberaria o vice-governador Ranolfo Vieira Júnior (ex-PTB) a concorrer a deputado, por exemplo, embora sonhe disputar o Piratini.
Leite, que desde a campanha de 2018 anunciou que não seria candidato à reeleição, não preparou um sucessor. Nem teria como, já que MDB e PP são os dois principais partidos de sua base na Assembleia e ambos têm projeto de poder. Dos principais nomes do PSDB, o deputado federal Lucas Redecker prefere disputar a reeleição, enquanto as prefeitas de Pelotas, Paula Mascarenhas, e de Novo Hamburgo, Fátima Daudt, e o prefeito de Santa Maria, Jorge Pozzobom, foram reeleitos em 2020 - e, para concorrer, precisariam renunciar até 2 abril.
Ranolfo está prestes a se filiar ao PSDB e poderá ser o candidato da situação, mas seu futuro também está ligado ao destino de Leite. Caso o governador vença a prévia do PSDB, renunciará em abril e Ranolfo completará o mandato. Nesta hipótese, só poderá ser candidato a governador ou a nada.
Leite tem sintonia plena com o vice, que se revelou um companheiro leal e conectado com todos os temas de governo, o que significaria a garantia de ter um candidato para defender seu legado, mas, se disputar a Presidência, precisará do apoio do MDB nacional e o Piratini poderá entrar no pacote. O MDB marcou para 4 de dezembro, dias depois da prévia do PSDB, a escolha do seu candidato a governador.
O PP, que ocupa cargos estratégicos no governo Leite, já definiu que seu candidato será o senador Luis Carlos Heinze, bolsonarista convicto, o que praticamente inviabiliza o apoio do PSDB. Os progressistas que ocupam cargos no governo estadual terão de escolher entre a lealdade a Leite e a opção de Heinze, que poderá ser também a da direção nacional, já que o presidente Jair Bolsonaro foi convidado a se filiar ao PP.
Na esquerda, que independe dos movimentos de Leite, a tendência hoje é pela candidatura de Edegar Pretto (PT), mas tudo vai depender de como será montado o palanque do ex-presidente Lula no Rio Grande do Sul. O alinhamento entre PT e PCdoB é praticamente automático, mas o PSB, que também integra o governo Leite, está dividido. O ex-deputado Beto Albuquerque poderá ser candidato ao Piratini ou ao Senado.
O PDT, por sua vez, pretende lançar o presidente do Grêmio, Romildo Bolzan Júnior, que dará palanque à candidatura presidencial de Ciro Gomes no Estado. Pelo PSOL, o candidato ao Piratini deverá ser o vereador de Pelotas Jurandir Silva.