Esperada desde a metade de agosto, a desistência do senador Tasso Jereissati em favor de Eduardo Leite na prévia do PSDB foi consumada na tarde desta terça-feira (28), em entrevista coletiva transmitida pelo Instagram, com depoimentos, em vídeo, de líderes tucanos que apoiam o governador gaúcho. Tasso disse que Leite encarna o espírito que levou à criação do PSDB, como dissidência do então PMDB, em 1988.
Ao fundo do cenário em que Tasso fez o anúncio aparecia um banner com o que deve ser a marca de Leite, um E maiúsculo, em azul, com dois traços, um em verde outro em amarelo. Tasso começou fazendo uma breve análise do cenário brasileiro:
— O Brasil está numa rota de naufrágio em todos os sentidos. Todos os nossos valores estão se deteriorando: a verdade, o compromisso com a coerência, a visão republicana, o respeito entre seres humanos. As pessoas não dialogam mais, não respeitam a divergência. Devemos dar uma resposta ao nosso país. Vejo em Leite todas as qualidades que um homem público precisa ter para comandar esse Brasil com o qual nós sonhamos.
Três vezes presidente do PSDB, Tasso disse que sua decisão foi tomada também com um pensamento pragmático. Conversando com as bases, concluiu que 80% dos diretórios estavam com ele ou com Leite e não fazia sentido os dois se dividirem:
— Esse cara pensa igual a mim, temos uma afinidade enorme de postura ética, de compromisso com a democracia. Acreditamos numa economia liberal, que tenha como principal objetivo a emancipação da sociedade. Não dá diferença entre nós, a não ser que eu sou mais bonito e mais moço (risos).
O senador, de 72 anos, disse que os dois chegaram à conclusão de que um deles teria de abrir mão da candidatura.
— Eu vi no Eduardo um dinamismo, uma juventude e uma força de vontade que depois dos 70 anos a gente procura ter, mas não tem mais. Vi no Eduardo o que o Brasil espera, uma coisa nova. Não sou candidato, mas continuo na luta, para o Eduardo seja o nosso candidato e, se Deus quiser, o presidente da República.
O apoio de Tasso não é garantia de vitória, mas indiscutivelmente o governador gaúcho saiu fortalecido na disputa com Doria. Leite aposta em dois trunfos para enfrentar o governador paulista: as pesquisas e a capacidade de conciliação. As pesquisas mostram que os dois têm os mesmos percentuais de intenção de voto (baixos, na casa de 4%), mas que Leite tem menos da metade da rejeição de Doria, até por ser menos conhecido.
No quesito “capacidade de conciliação”, os aliados do governador gaúcho lembram as desavenças de Doria com o o ex-vice-governador Alberto Goldman e com o ex-governador Geraldo Alckmin, que rachou o PSDB em São Paulo.
Jereissati anunciou que nesta quarta ele e Leite irão a São Paulo visitar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que gravou um vídeo de apoio a Doria.
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