Ao desembarcar em Porto Alegre para a assumir a Secretaria Estadual da Educação, a ex-deputada Raquel Teixeira tratou primeiro de se inteirar dos indicadores para saber o tamanho do desafio que a esperava. Para isso, consolidou dados do desempenho dos estudantes no Ideb e em outros testes e encomendou uma avaliação dos níveis de defasagem dos alunos. Outro estudo, cujos resultados serão conhecidos nos próximos dias, avaliou especificamente o que foi perdido durante a pandemia.
De acordo com o Anuário da Educação 2021, de cada cem alunos que ingressam a escola no Rio Grande do Sul, 91 concluem a primeira etapa do Ensino Fundamental (1º ao 5º ano) aos 12 anos. Somente 78 terminam a segunda (6º ao 9º ano) até os 16. E apenas 65 concluem o Ensino Médio até os 19 anos.
O Estado não conseguirá atingir até o final deste ano nenhuma das metas traçadas para o período de 2011 a 2021. Nos anos iniciais do Ensino Fundamental, o compromisso era chegar a 6,4 no Ideb, mas em 2019 (sem pandemia) o máximo que se atingiu foi 5,8. Nos anos finais, a meta é 6,3 e estava em 4,4 há dois anos. No Ensino Médio a situação é ainda mais crítica: a meta é 6,1 e o Estado atingiu 4,0.
De posse dos primeiros resultados, a secretária montou um plano que tem no centro a missão de garantir aprendizagem de qualidade para todos de forma inclusiva e equitativa.
— Temos de qualificar a educação para a vida no século 21 e preparar o aluno da escola pública para o mundo tecnológico, fomentando a cultura digital — resume Raquel, que inclui entre as prioridades assegurar a recuperação da aprendizagem pós-pandemia.
A execução desse plano passa pela atualização dos professores e pelo reforço para os alunos com maiores dificuldades em português e matemática. Aqui surgiram os primeiros problemas: o Estado encontra dificuldades para contratar professores temporários nessas áreas. A saída foi ampliar a carga horária de professores com 20 horas semanais de trabalho e recorrer às faculdades para contratar alunos que estão se formando.
Outro problema é o desinteresse dos professores em participar das lives de formação nas áreas de língua portuguesa e matemática, que começaram em 25 de agosto: somente 10% dos professores acessaram a plataforma. A ideia dessa atualização é orientar os educadores sobre como trabalhar com os resultados da avaliação diagnóstica, de modo a potencializarem a recuperação das fragilidades identificadas nos estudantes.
Aliás
O governador Eduardo Leite está devendo à sociedade gaúcha o prometido plano Avançar na Educação, que inclui investimentos na estrutura das escolas e a desburocratização dos processos, para que um simples conserto de telhado ou rede elétrica não deixe escolas fechadas por seis meses.