Nenhuma família será obrigada a aceitar o 4º ano do Ensino Médio que o governo gaúcho vai oferecer nas escolas estaduais a partir de 2022, mas esta é uma ideia que merece ser analisada com atenção e sem preconceito por pais e alunos. É inegável que 2020 foi um ano praticamente perdido para a maioria dos jovens do Ensino Médio e que, por mais que os professores tenham se esforçado, os resultados são sofríveis para boa parte dos estudantes. Será que vale a pena dar esta fase da vida escolar por concluída sem saber o essencial?
O quarto ano, segundo a secretária da Educação, Raquel Teixeira, terá conteúdos diferentes das séries anteriores, com reforço em português, inglês e matemática, e a possibilidade de preparação para o mercado de trabalho e para a vida. Pode não ser interessante para todos e até desaconselhável para quem se adaptou ao ensino remoto e aprendeu, mas não deixa de ser uma opção para os que ficaram para trás.
Seria tapar o sol com a peneira dizer que os alunos das escolas públicas têm condições de competir no mercado de trabalho ou no vestibular com os dos colégios privados. A pandemia aprofundou diferenças que já existiam, seja pelas dificuldades materiais das escolas públicas, seja pelas carências dos próprios alunos em matéria de internet e de equipamentos.
Para recuperar o tempo perdido não basta oferecer um ano a mais no Ensino Médio. Em todos os níveis, será preciso oferecer reforço no segundo semestre deste ano. Há falta de professores em algumas disciplinas, dificuldade de contratação e problemas estruturais nas escolas. Ao Estado cabe resolvê-los, e esse será o maior desafio de Raquel Teixeira em 2021.
Aliás
Depois de sete anos de salários congelados, com a inflação em alta, o Estado terá de começar a pensar em correção para os professores, sob pena de tornar a carreira tão desinteressante que os bons pedirão para sair.