A covid-19 é a responsável pela ausência de três dos quatro deputados gaúchos que aparecem como ausentes na lista de votação da Proposta de Emenda à Constituição que instituía o voto impresso, arquivada porque não atingiu os 308 votos. Pedro Westhalen (PP), Afonso Hamm (PP) e Maria do Rosário (PT) estão licenciados para tratamento do corovavírus ou das consequências que a doença provoca. 

Westphalen, que chegou a ser entubado na UTI da Santa Casa, em Porto Alegre, já teve alta e se recupera em casa. Hamm também esteve internado na Santa Casa entre junho e julho, e permanece tratando os efeitos da covid-19 com fisioterapia e exercícios respiratórios. Maria do Rosário não precisou ser internada e, segundo sua assessoria, já passou da fase mais aguda da doença. 

O quarto ausente é o deputado Covatti Filho (PP), que registrou presença na sessão, mas não votou. A coluna tentou contato com Covatti pelo telefone e por WhatsApp, mas não obteve resposta.  

A explicação para muitas ausências pode estar em uma resposta dada pelo presidente da Câmara, Arthur Lira, Lira na entrevista que se seguiu à votação da PEC. Questionado sobre os deputados que reclamavam de não ter conseguido votar, Lira disse que o sistema esteve lento, mas que quem quis votar, votou. Alguns já haviam avisado ao presidente que não votariam.  

Lira não disse, mas outros deputados contaram que, como o destino da emenda já estava selado, houve uma combinação de não votar para não se queimar com um lado ou outro. Parlamentares que votaram "sim", mesmo não tendo qualquer dúvida em relação à segurança do sistema eletrônico de votação, admitem, pedindo para não se identificar, que o fizeram para não perder eleitores para outros deputados com quem disputam votos.   

Situação curiosa ocorreu com a bancada do PDT. Embora o partido historicamente tenha defendido o voto impresso, a orientação foi votar contra para não dar corda às teorias conspiratórias difundidas pelo presidente Jair Bolsonaro. Dentre os gaúchos, Afonso Motta votou contra, mas Pompeo de Mattos e Marlon Santos foram a favor.  

O voto mais surpreendente foi o de Heitor Schuch (PSB). A orientação do partido era votar contra, mas Schuch votou a favor, depois de conversar com líderes da sua base eleitoral (Santa Cruz  do Sul e região) e perceber que a maioria era a favor do voto impresso. 

 — Eu confio 100% nas urnas eletrônicas. Respeito quem não confia. Votei sim em  consideração de quem quer auditar o voto. 

No total, afora os quatro ausentes, a bancada gaúcha registrou 20 votos a favor da PEC e sete contrários.  
 

Confira como votaram os deputados 

A favor (sim)

• Alceu Moreira (MDB)
• Bibo Nunes (PSL)
•  Carlos Gomes (Republicanos)
• Daniel Trzeciak (PSDB)
• Giovani Cherini (PL)
• Giovani Feltes (MDB)
• Heitor Schuch (PSB)
• Jerônimo Goergen (PP)
• Liziane Bayer (PSB)
• Lucas Redecker (PSDB)
• Marcel van Hattem (Novo)
• Marcelo Brum (PSL)
• Marcelo Moraes (PTB)
• Márcio Biolchi (MDB)
• Marlon Santos (PDT)
• Maurício Dziedricki (PTB)
• Osmar Terra (MDB)
• Paulo Vicente Caleffi (PSD)
• Pompeo de Mattos (PDT)
• Sanderson (PSL)

Contrários (não)

• Afonso Motta (PDT)
• Bohn Gass (PT)
• Fernanda Melchionna (PSOL)
• Henrique Fontana (PT)
• Marcon (PT)
• Nereu Crispim (PSL)
• Paulo Pimenta (PT)

Deputados ausentes

• Afonso Hamm (PP)
• Covatti Filho (PP)
• Maria do Rosário (PT)
• Pedro Westphalen (PP)

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