A CPI da Covid perdeu potência, ofuscada por outras confusões, mas a espiral de silêncios nos depoimentos só reforça a percepção de que há muito para esconder. Se assim não fosse, por que tantos depoentes usariam o direito de não se incriminar para ficar em silêncio diante de perguntas básicas? Nesta quarta-feira (26), dia em que mais um depoente, José Ricardo Santana, exerceu o direito de ficar calado, os senadores da CPI apresentaram o passo a passo descoberto no Ministério da Saúde para fraudar licitações e beneficiar a empresa Precisa Medicamentos
Áudios e outros documentos em poder da CPI apontaram ilicitudes na intermediação de Santana para venda irregular de testes e vacinas contra a covid-19. Relembrando, a Precisa é aquela empresa que negociou a venda da indiana Covaxin por preço superior ao das outras vacinas, tentou receber o pagamento antecipado, numa transação em que o dinheiro deveria ser depositado em um paraíso fiscal, e seus executivos nada explicam porque têm habeas corpus para não falar.
O negócio acabou sendo cancelado quando vieram à tona as denúncias de irregularidades. A mesma Precisa fechou outros negócios com o Ministério da Saúde e agora pairam dúvidas sobre a lisura das transações.
No caso dos testes, detalhado pelo senador Randolfe Rodrigues, vice-presidente da CPI, o roteiro da fraude está documentado em trocas de mensagens altamente comprometedoras. As empresas vencedoras de processos licitatórios para a venda de testes de covid-19 em 2020 — a Abbott e a Bahiafarma — foram desclassificadas em benefício da Precisa.
Nas mensagens, o ex-diretor do Departamento de Logística (Delog) do Ministério da Saúde, Roberto Dias – chamado de Bob — aparece como o grande responsável por possibilitar a viabilização do esquema de fraudes dentro do ministério. Ouvido pela CPI em 7 de julho, Dias recebeu voz de prisão ao final de seu depoimento aos senadores.
De testemunha, Santana passou a investigado, como tem ocorrido com outros depoentes que se recusam a responder as perguntas, incluindo algumas triviais como o cargo que ocupavam na empresa ou quem está pagando seus advogados.
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