No começo do governo Jair Bolsonaro, o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) era chefe da Casa Civil e formava com Sergio Moro e Paulo Guedes o trio mais poderoso da Esplanada dos Ministérios. Era dele a tarefa de coordenar a articulação política e governar o governo. Não deu certo. Pouco mais de um ano depois da posse, queimado com deputados e senadores, em 13 de fevereiro de 2020, Onyx foi rebaixado: Bolsonaro demitiu o deputado federal Osmar Terra e alojou o aliado fiel no Ministério da Cidadania.
Passou-se mais um ano e, em 12 de fevereiro de 2021 , para acomodar o centrão, Onyx foi rebaixado mais uma vez: assumiu a Secretaria-Geral da Presidência, cargo com poucas chances de fazer política, e sua cadeira foi ocupada por João Roma (Republicanos-BA). Nem cinco meses se passaram e o deputado gaúcho foi, agora sim, premiado com a recriação do Ministério do Trabalho e Previdência.
Eliminado na reforma administrativa do início do governo Bolsonaro, o Ministério do Trabalho foi recriado a partir de uma costela do Ministério da Economia, superestrutura sob comando do Porto Ipiranga Paulo Guedes, que está sendo desidratada. A ideia de chamar a criança de Ministério do Emprego foi abortada a partir do convencimento de que Ministério do Trabalho é mais simbólico e não deveria ser mudado.
— Um verdadeiro presente, justo e merecido pela lealdade que o Onyx sempre teve — define um dos homens mais próximos do ministro.
Esse assessor diz que, “bem trabalhado, mesmo em poucos meses, pavimenta o caminho do Onyx para o governo do RS, e fecha com chave de ouro a passagem pelo governo federal”.
A estrutura é gigantesca. Sob o guarda-chuva de Onyx estarão 13 secretarias, incluindo a da Previdência Social, dezenas de conselhos e duas minas de ouro: o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
Aliás
O Ministério do Trabalho foi criado pelo presidente Getúlio Dornelles Vargas, em 1930. Por coincidência, Onyx Dornelles Lorenzoni é parente distante de Getúlio. A mãe do ministro, Dalva, de 90 anos, é prima do presidente que se matou em 24 de agosto de 1954 no Palácio do Catete.