Sem os votos necessários para aprovar a proposta de reforma da previdência dos servidores de Porto Alegre, o governo de Sebastião Melo depende do PDT. O partido tem filiados ocupando cargos no governo, mas os vereadores Mauro Zacher e Márcio Bins Ely resistem em apoiar a reforma, respaldados por uma decisão da executiva municipal que recomendou a rejeição. Se o governo não conseguir pelo menos um dos votos do PDT, a reforma, que precisa de 24 votos em dois turnos, não será aprovada.
Nesta terça-feira (8), o vereador Clàudio Janta (SD), um dos maiores aliados da prefeitura no Legislativo, usou o Whatsapp para cobrar os pedetistas. Em um grupo formado por vereadores da base e independentes, Janta afirmou que, caso se recuse a votar a favor da reforma, Bins Ely deve renunciar à presidência da Casa. O parlamentar também se dirigiu a Zacher, a quem disse que pessoas filiadas ao PDT devem deixar seus cargos no governo.
Escreveu Janta:
"Bom Dia colegas vereadores da base do governo. Presidente @Márcio Bins Ely vossa excelência pediu para nos vereadores que o elegemos presidente até segunda-feira para votar ou não conosco o projeto da previdência. Pois então hoje já é terça-feira gostaríamos de saber sua posição? Se estiver junto conosco votando este projeto da cidade seja muito bem vindo agora se decidiu não votar que vossa excelência tenha a ombridade (sic) e dignidade de renunciar seu mandato porque estás aí porque nós 23 vereadores da base do governo o elegemos num projeto de governo e também tens cargo no governo por estar nele e esperamos que peça para os mesmos saírem, sem precisarem serem exonerados. Não foi e nem será a oposição que lhe dará a sustentabilidade e parceria que estamos lhe dando, tenho certeza que não precisaremos membros da mesa fazer uma renúncia coletiva. Aguardamos sua resposta. Vereador Mauro Zacher vossa excelência também se não irá votar conosco peça para seu adjunto e demais ccs e os filiados do pdt saírem dos cargos do governo. Nos vereadores da base também temos nossos compromissos e este é com a cidade, com a governabilidade estão se querem que aumentamos a alicota (sic) da previdência para ativos e inativos iremos fazer. Porque precisamos entregar para a população saúde, assistência social, educação, obras estruturantes e todas as demandas de segurança, COVID e social. Aguardamos a resposta senhor presidente. Uma boa terça-feira para todos."
Em resposta, Bins Ely tentou acalmar os ânimos:
"Bom dia @Cláudio Janta, respeito a opinião do colega entretanto discordo da mesma. De qq maneira reitero que estamos trabalhando para o assunto é (sic) esperamos chegar a bom termo. Fraterno abraço", escreveu o presidente da Câmara.
Logo depois, Ramiro Rosário (PSDB), outro aliado de Melo, alterou o nome do grupo de "Base e independentes" para "Base, independentes e PDT".
"Tomei a liberdade de mudar o nome do grupo, pois estava errado. O PDT não é base e nem independente. No máximo, são indecisos", provocou o tucano.
Procurado pela coluna, Zacher, que é líder da bancada do PDT na Câmara, disse que não faz questão de responder à mensagem de Janta. Segundo ele, a bancada do PDT ainda está discutindo com o governo e com associações que representam os servidores alterações que viabilizem a aprovação da reforma.
Somente um acordo entre o governo e as entidades sobre os termos da reforma deve motivar uma mudança de posição dos dois vereadores do PDT.