Pesquisas de intenção de voto são feitas sempre a partir da premissa de que “se a eleição fosse hoje”, quem o eleitor escolheria. Na do Datafolha, divulgada nesta quarta-feira (12), o ex-presidente Lula aparece na liderança tanto no primeiro e no segundo turno, que seria disputado com o presidente Jair Bolsonaro. Significa que a eleição de 2022 é jogo jogado e que não há espaço para a terceira via? Não, mas, se o centro continuar dividido e desarticulado, são grandes as possibilidades de os brasileiros terem uma final entre Lula e Bolsonaro.
Se o segundo turno da eleição fosse hoje, Lula teria 55% das intenções de voto e Bolsonaro, 32%. No primeiro turno, o ex-presidente teria 41%, 18 pontos à frente do atual, que amarga o mais alto índice de rejeição: 54% disseram que não votariam em Bolsonaro de jeito nenhum. Lula é rejeitado por 36%. No Nordeste, a rejeição de Bolsonaro chega a 62%. O Sul é a região em que o presidente se sai melhor, com rejeição de 46%, a menor do país. Todos os outros têm rejeição nacional abaixo de 30%, mas faltam-lhes votos para enfrentar Lula e Bolsonaro.
Se somassem forças, Sergio Moro (7%), Ciro Gomes (6%), Luciano Huck (4%), João Doria (3%), Luiz Henrique Mandetta (2%) e João Amoedo (2%) até poderiam deixar Bolsonaro fora do segundo turno, porque teriam 24% e o atual presidente soma 23%, o que se caracteriza como empate técnico. Outros 9% disseram que pretendem votar nulo ou em branco e 4% se declararam indecisos.
O levantamento foi realizado com 2.071 eleitores, de forma presencial, em 146 municípios brasileiros, nos dias 11 e 12 de maio. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Esta é a primeira pesquisa do Datafolha desde que o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, anulou as condenações impostas a Lula pelo ex-juiz Sergio Moro e confirmadas pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4).
Os petistas soltaram foguetes, como se a pesquisa significasse votos contados, mas seria prudente olhar os números como eles são: retrato de um momento em que Bolsonaro está desgastado pela pandemia, a economia patina e o desemprego assombra todas as regiões do Brasil.
Até a eleição, faltam quase 17 meses. A história mostra que muita coisa pode ocorrer em tempos normais para alterar o cenário. Com uma pandemia que já matou 428 mil brasileiros e se estabilizou em patamar alto demais, tratar uma pesquisa de intenção de voto como definitiva seria, no mínimo, leviandade.
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