Eleito com mais de dois terços dos votos de seus colegas, o senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), 44 anos, indicou em seu primeiro discurso como presidente do Senado que não estará a reboque do Palácio do Planalto. O discurso de 16 minutos foi altivo, como convém ao presidente de uma Casa que representa os 26 Estados e o Distrito Federal. A defesa da federação brasileira foi um dos pilares da campanha que levou o jovem senador ao posto de presidente do Congresso.
Logo no início, Pacheco fez questão de marcar posição ao lado da ciência, com a defesa da vacina para todos os brasileiros, reconheceu a gravidade da pandemia e solidarizou-se com as famílias dos mortos. Nas linhas e nas entrelinhas, desenhou um projeto de país, com a defesa do SUS e de mecanismos de proteção social, sem descuidar da responsabilidade fiscal.
Pacheco teve o apoio do Palácio do Planalto, mas não se pode dizer, como no caso do deputado Arthur Lira (PP-AL), que é “o candidato do presidente Jair Bolsonaro”. Os 57 votos que obteve, contra 21 de Simone Tebet (MDB-MS), vieram de todos os lados – inclusive do PT e do próprio partido da adversária.
Político habilidoso, Pacheco comprometeu-se com as demandas da oposição, fez acenos à bancada feminina, defendeu as reformas tributária e administrativa, “sem atropelos” e sem “demonizar o serviço público brasileiro”, e fez uma profissão de fé na democracia. Pode parecer óbvio, mas no Brasil de 2021 às vezes é preciso chover no molhado.
Na entrevista coletiva que deu depois de ser eleito, Pacheco defendeu a liberdade de imprensa como um dos pilares da democracia. Também pode parecer óbvio, mas no momento em que a imprensa é alvo de ataques de governantes que flertam com a autoritarismo e das seitas que vicejam nas redes sociais, o compromisso de Pacheco tem seu valor.
Em um país carente de líderes políticos capazes de expressar uma ideia com começo, meio e fim, Rodrigo Pacheco poderá, se for bem-sucedido no comando do Senado, se consolidar como uma opção do DEM para a Presidência da República em 2026. O projeto de concorrer ao governo de Minas Gerais em 2022 foi arquivado para garantir dedicação exclusiva à disputa pelo comando do Senado.
Aliás
A eleição na Câmara abriu a caixa de Pandora do clientelismo e do fisiologismo. Nada inédito: o centrão, do qual Arthur Lira é um dos expoentes, joga este jogo desde os anos 1980, mas dobra a aposta quando os governos são fracos.
Experimente um jeito mais prático de se informar: tenha o aplicativo GZH no seu celular. Com ele, você vai ter acesso rápido a todos os nossos conteúdos sempre que quiser. É simples e super intuitivo, do jeito que você gosta.
Baixe grátis na loja de aplicativos do seu aparelho: App Store para modelos iOS e Google Play para modelos Android.