Apesar de o governador Eduardo Leite não usar a expressão “toque de recolher”, na prática é isso que acontecerá em todo o Rio Grande do Sul de 20 de fevereiro a 1º de março. Questão de semântica, até para evitar questionamentos jurídicos. Tecnicamente, o governo chama de “restrições às atividades”. Como tudo estará fechado e não será permitida aglomeração em locais públicos, os gaúchos não terão por que ficar na rua a partir das 22h. Também não é lockdown, já que a circulação de pessoas seguirá permitida.
Pelo mapa do distanciamento controlado divulgado no final da tarde desta sexta-feira, 68% dos gaúchos estarão sob bandeira preta a partir de terça-feira (23). É a situação mais grave enfrentada pelo Estado desde o início da pandemia, há quase um ano. Até então, foram raros os casos de bandeira preta e sempre em regiões menores.
Desta vez, além da Capital e de toda a Região Metropolitana, Serra, Litoral, Vale do Taquari, Vale do Paranhana, Planalto Médio e parte das Missões estarão sob restrições severas pelo risco altíssimo de contaminação, combinado com o risco de falta de leitos nos hospitais.
Embora a educação seja atividade essencial e as aulas presenciais só estejam proibidas nas regiões que estão em bandeira preta, dada a incerteza sobre o comportamento da pandemia e o risco de o problema se alastrar para outras áreas, seria recomendável manter as escolas fechadas em todo o Estado. O sistema de saúde é estadual. Se faltarem leitos nas regiões que estão em bandeira preta, os pacientes serão transferidos para onde houver vagas.
Nada garante que as medidas restritivas vigorem somente até 1º de março. O crescimento das internações, que fez soar o alerta nos hospitais, ainda não reflete as aglomerações do Carnaval. O temor dos médicos é de que a situação piores nas próximas duas ou três semanas, daí a necessidade de restringir a circulação de pessoas.
Recados aos aloprados
Ao referendar a prisão do colega Daniel Silveira (PSL-RJ) por 364 votos a 130, com três abstenções, os deputados federais passaram dois recados:
1. Não estão dispostos a sacrificar ainda mais a já desgastada imagem da Câmara por um aloprado que promoveu incitação à violência;
2. Não querem brigar com o Supremo Tribunal Federal, mesmo entendendo que a forma como a prisão foi decretada fere autonomia dos poderes.
O placar indica que, dificilmente, o deputado escapará da cassação no processo que enfrentará na Comissão de Ética por quebra de decoro. Tudo vai depender da forma como o valentão se comportar daqui para a frente.
O Centrão, em particular, mostrou a que veio e não hesitou em sacrificar um aliado do presidente Jair Bolsonaro que poderia atrapalhar a votação das reformas com a sua falta de noção sobre limites.
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