Na assinatura do contrato de arrendamento do trecho em que está sendo instalado o Cais Embracadero, ficaram evidentes as diferenças de pensamento entre o governador Eduardo Leite e o prefeito Sebastião Melo sobre o futuro do Cais Mauá. O Embarcadero é um projeto provisório, concebido para funcionar enquanto o governo prepara uma licitação mais ampla, envolvendo toda a área antes concedida à Cais Mauá do Brasil, que não executou as obras previstas e teve o contrato rescindido.
Melo, que falou antes de Leite, sugeriu que se aproveite o Estudo de Viabilidade Urbanística já aprovado — embora para um projeto totalmente diferente — e se adote uma solução caseira para ocupação dos armazéns. Citou, como exemplo, a instalação de uma fábrica de cerveja artesanal e disse que não concordava com o projeto anterior.
O prefeito também propôs “cortar o muro da Mauá pela metade”, para devolver aos porto-alegrenses a visão do Guaíba, e enterrar o trensurb, mas não chegou a detalhar a proposta. Acrescentou que vai “lutar muito” para colocar uma marina pública no trecho 2 da Orla e revitalizar outros trechos à beira do Guaíba.
Último a falar, Leite anunciou que, nos próximos dias, deve ser assinado contrato com o BNDES para a elaboração da modelagem de um projeto arrojado para toda a área do Cais Mauá. Como deixou de fazer parte da poligonal do porto, a área, que antes só podia ser arrendada à iniciativa privada, poderá ter trechos vendidos para garantir a viabilidade econômica de futuros negócios.
Naturalmente, seguiriam de propriedade do Estado os armazéns tombados pelo Patrimônio Histórico, que, na futura reforma, devem preservar as características arquitetônicas originais.
Leite voltou a citar como inspiração o complexo Brooklyn Bridge, que reestruturou um porto desativado três décadas antes e hoje é um dos cartões postais de Nova York.
Em um ponto o governador concordou com o prefeito: é hora de discutir seriamente a derrubada do muro da Mauá:
— Precisamos encontrar uma solução para o muro, construído para a contenção das cheias, mas em 50, 60 anos, não chegou a ser usado. Não se justifica aquela barreira visual. O custo econômico foi maior do que eventual perda de uma cheia que tivesse de ser contida.
A proposta de “enterrar o trensurb”, defendida por Melo, também tem apoio de Leite. O governador disse que já sugeriu ao governo federal para, na privatização da Trensurb, incluir no edital a transformação do trecho de do Centro em metrô subterrâneo.
Leite anunciou para este ano um projeto, em parceria com as prefeituras, batizado provisoriamente de “arquitetura icônica”. São intervenções para valorizar ícones da arquitetura das cidades, o que o ex-prefeito de Curitiba e ex-governador do Paraná Jaime Lerner chama de “acupuntura urbana”:
— Se não podemos resolver todos os problemas das cidades, temos de resolver pontos específicos que vão irradiar a percepção de melhoria.
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