
Com 36 vereadores, a Câmara Municipal de Porto Alegre terá 18 partidos em sua com posição. Essa fragmentação atesta que fracassou a tentativa de enxugamento dos partidos com o fim das coligações na eleição proporcional. Em 2016, quando as alianças ainda eram permitidas, o mandato começou com 16 bancadas. Neste ano, em que nenhum partido pode pegar carona no prestígio do outro, nasceram duas a mais, sendo que oito têm apenas um integrante.
Não há 18 correntes ideológicas diferentes. A pulverização se dá mais por conveniência do que por diferenças de ponto de vista em relação às questões essenciais da política. No que o PRTB se diferencia do PSL ou do Republicanos? PP e DEM, herdeiros da velha Arena, são diferentes em que mesmo? E o Cidadania, professa credo diferente do PSDB (que elegeu quatro vereadores) ou do MDB, antigo ninho dos tucanos?
O que separa o Solidariedade do PSD ou do PL? Dissidência à esquerda do PT, o PSOL fez o mesmo número de cadeiras (quatro), mas seus eleitos tiveram votações mais exuberantes. Em que o PCdoB diverge dos dois? PSB e PDT, que concorreram aliados na eleição de prefeito não poderiam ser um corpo só?
O Novo, que passou de um para dois, nasceu para ser diferente e, até aqui, mantém algumas premissas, como a de não usar dinheiro público de campanha. As contribuições que sustentaram as campanhas tão ricas quanto as do PSOL, bancadas pelo fundo partidário, vêm de doadores privados, em sua maioria empresários que no passado financiavam candidatos como pessoas jurídicas.
Embora a campanha e a vida pregressa deem pistas, as diferenças serão conhecidas quando os vereadores tomarem posse e começarem a atuar. À primeira vista, a impressão é de que a Câmara se radicalizou à esquerda e à direita.
No site de apuração do TSE, as fotos dos novos vereadores de Porto Alegre ilustram o cálculo da idade média dos eleitos: 47,5 anos. Caiu com a saída de veteranos como Reginal Pujol, 80, e João Carlos Nedel, 78. Essa média é puxada para cima por oito vereadores: os atuais Airto Ferronato (68), Lourdes Sprenger (68), Cassiá Carpes (67), Idenir Cecchim (66), Mônica Leal (64) e Aldacir Oliboni (64) e os recém-eleitos Cezar Schirmer (68) e Pedro Ruas (64).
Considerando-se os que têm menos de 40 anos (idade para ser senador), a geração da vereadora mais votada, a professora Karen Santos (PSOL), 32 anos, ocupa mais de um terço das cadeiras. Os mais jovens são Laura Sito (PT) e Matheus Gomes, ambos de 29 anos.
Se até aqui a maioria na Câmara era formada por homens brancos, grisalhos e de centro-direita, a nova formação mostra uma composição não só rejuvenescida, mas mais plural. O número de mulheres passou de quatro na eleição de 2016 (hoje são cinco, porque Lourdes Sprenger assumiu com a renúncia de André Carús) para 11.
Entre os eleitos há quatro anos, apenas Tarciso Flecha Negra (PSD), que faleceu em 2018, era negro. Karen Santos assumiu no mesmo ano, com a eleição de Fernanda Melchionna para a Câmara dos Deputados. Nesta eleição, foram cinco: Karen, Laura Sito (PT), Matheus Gomes (PSOL), Bruna Rodrigues (PCdoB), Daiana Santos (PCdoB).
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