O debate de mais de duas horas entre Sebastião Melo (MDB) e Manuela D’Ávila (PCdoB) na Rádio Gaúcha mostrou a civilidade que não se viu no primeiro turno. Os dois divergiram sem se atacar e, graças ao formato, focaram nas questões da cidade, atendendo à demanda dos ouvintes por soluções para os problemas do cotidiano. Melo e Manuela apresentaram pontos de convergência, mas explicitaram diferenças, especialmente em relação ao IPTU e ao papel do público e do privado.
No caso do IPTU, desde o primeiro turno já eram conhecidas as diferenças: Melo promete revogar os aumentos previstos para entrar em vigor a partir de 2022, para imóveis comerciais e residenciais, e Manuela quer suspender o próximo reajuste, mas apenas para os não-residenciais.
Manuela aceita a oferta do prefeito Nelson Marchezan, de encaminhar à Câmara, no período de transição, caso ela seja eleita, projeto prevendo a suspensão do próximo aumento, que viria já nos carnês entregues em dezembro. Melo não. Diz que que o governo Marchezan só termina em 1º de janeiro e é ele quem deve propor a revogação dos aumentos futuros.
Os dois divergem em relação aos impactos da suspensão ou revogação dos aumentos, que atingem parte dos imóveis — mais da metade teve redução ou ficou igual. Manuela disse que seria irresponsabilidade fiscal abrir mão da receita futura prevista e que os R$ 35 milhões da suspensão, em 2021, são suportáveis. Melo não estimou o valor total da renúncia, mas insistiu que a reativação da atividade econômica gerará ISS suficiente para compensar a perda de receita.
No primeiro turno, o vice de Melo, Ricardo Gomes, detalhou de quanto seria a redução de receita com a suspensão dos aumentos previstos entre 2022 e 2026:
— Depois que assumirmos, mandaremos projeto cancelando os aumentos futuros. São R$ 49 milhões em 2022, R$ 66 milhões em 2023, R$ 23 milhões em 2024 e R$ 13 milhões em 2025. Se deixar como está, em 2026, com a retirada das travas, a receita de IPTU dará um salto de R$ 437 milhões.
Melo e Manuela divergiram em relação ao papel do setor público e do privado em três áreas em particular: saúde, saneamento e transporte coletivo. Ele quer manter e ampliar os contratos com instituições como a Santa Casa, o Divina Providência e o Hospital Vila Nova para atender os postos de saúde. Ela promete criar uma instituição pública, para que os profissionais de saúde tenham vínculo empregatício com a prefeitura.
Na área de saneamento, Melo quer levar adiante a proposta de Marchezan de parceria público-privada, convencido de que a prefeitura não tem dinheiro para bancar as obras necessárias e ampliar o tratamento de esgotos para universalizar o atendimento. Manuela diz que o DMAE dá lucro e deve seguir responsável pelos investimentos, tomando empréstimos.
Em relação à Carris, Melo considera razoável privatizá-la, se tiver déficit, e Manuela se compromete a manter a empresa pública, como balizadora para o sistema de transporte coletivo, e garante que basta uma boa gestão para que pare de dar prejuízo.
Aliás
De olho nos 136 mil votos do prefeito Nelson Marchezan, Sebastião Melo e Manuela D’Ávila evitaram críticas mais duras à gestão atual, comportamento bem diferente do primeiro turno, quando o tucano era o saco de pancadas de todos os adversários. A ordem é manter o que é bom e mudar o que não está.
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