No início de setembro de 2018, o então ministro-chefe da Secretaria de Governo de Michel Temer, Carlos Marun, vistoriou as obras da nova ponte do Guaíba e anunciou a liberação parcial até o final daquele ano. Era bravata, claro. Qualquer leigo que passasse pela região das ilhas concluiria que nem trazendo um batalhão de engenheiros e operários chineses seria possível concluir o acesso à BR-116, porque faltava realocar as famílias que viviam naquela área.
Dois anos se passaram e, nesta segunda-feira (26), o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, reiterou a promessa de inaugurar a travessia até o final do ano, ainda sem todas as alças de acesso.
Falta muito para que a nova ponte do Guaíba esteja 100% pronta — inclusive realocar famílias que vivem na Vila Farrapos — mas é possível, sim, que a travessia possa ser feita já em dezembro. Antes tarde do que mais tarde, dirão os usuários que há anos penam com os engarrafamentos que se formam com o levantamento do vão móvel a cada passagem de navio.
O ministro Tarcísio não é um político, embora seja cotado para concorrer a vice de Jair Bolsonaro em 2022. Está na cota dos técnicos é considerado um dos ministros mais sérios e trabalhadores da Esplanada. Se disse que entraremos em 2021 com a ponte liberada é porque tem elementos para fazer a promessa sem risco de ser chamado de falastrão, como foi Marun.
O crédito pela obra será dos três últimos governos, mas por questão de justiça é preciso dizer que a maior fatia cabe à ex-presidente Dilma Rousseff, que se comprometeu com a nova ponte na campanha eleitoral de 2010. Lá se vão 10 anos desde aquela manhã em que Dilma foi entrevistada por jornalistas do Grupo RBS e garantiu que, se fosse eleita, a ponte deixaria de ser um sonho dos gaúchos.
Entre a promessa e o início da obra, passaram-se mais quatro anos. A ordem de início só foi dada em outubro de 2014, quando Dilma estava em campanha pela reeleição. Quando o impeachment se consumou, em 2016, a ponte era um esqueleto na paisagem do Guaíba, mas começava a tomar forma. Michel Temer fez o que se espera de qualquer governo: deu continuidade à obra, mas não conseguiu inaugurá-la.
Jair Bolsonaro também está fazendo o que se espera de um governo responsável com dinheiro público. Salvo algum contratempo, vai concluir a travessia, ciente de que é essencial para a integração com o porto de Rio Grande e o desenvolvimento das regiões Sul, Centro, Campanha e Fronteira Oeste. Repete-se com a ponte o que ocorreu com a ampliação do Hospital de Clínicas: Dilma começou, Temer continuou e Bolsonaro concluiu.
Aliás
Na inauguração da nova ponte do Guaíba, o ideal seria que estivessem os três presidentes que trabalharam para tirar a obra do papel, mas para isso é necessário maturidade política, coisa que o Brasil ainda não conhece.
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