Vinte anos separam os dois episódios, mas é impossível não associar a declaração homofóbica do presidente Jair Bolsonaro no Maranhão com uma de Luiz Inácio Lula da Silva (antes de ser presidente da República) sobre Pelotas, no ano 2000, quando se preparava para gravar depoimento em favor do então candidato do PT a prefeito, Fernando Marroni.
Na quinta-feira (29), Bolsonaro fez, em público, uma brincadeira de mau gosto com o guaraná Jesus, tradicional no Estado nordestino. Por ser cor-de-rosa, disse que, depois de tomar o refrigerante, tinha ficado “boiola como os maranhenses”.
— Agora virei boiola, igual maranhense, é isso? O guaraná cor-de-rosa do Maranhão aí, quem toma esse guaraná vira maranhense. Guaraná cor-de-rosa no Maranhão... Que boiolagem é isso aqui — afirmou Bolsonaro.
Há 20 anos, também em tom de brincadeira, diante de uma câmera ligada, Lula disse que Pelotas é uma cidade "exportadora de veados”.
—Pelotas é cidade polo, né? Exportadora de veado — disse, aos risos, enquanto arrumava a roupa de Marroni.
Na ocasião, o PT entrou na Justiça para impedir Zero Hora e outros veículos de imprensa de divulgar a frase infeliz. A censura imposta pela primeira instância foi derrubada na segunda.
No dia seguinte à decisão que impediu a divulgação da fita na imprensa, jornalistas de ZH publicaram receitas e poemas em seus espaços, como ocorria em jornais censurados pelo regime militar.