Na eleição deste ano, adiada por 45 dias por causa da pandemia, a Justiça Eleitoral tem preocupação com dois vírus: o corona, no dia da votação, e as notícias falsas durante a campanha eleitoral que começa neste domingo (27). De certa forma, um vírus está ligado ao outro, porque a campanha em ambiente virtual, para proteger eleitores e candidatos do coronavírus, acaba por favorecer a proliferação de informações fraudulentas, muitas vezes divulgadas de forma anônima.
Para proteger o eleitor do coronavírus estão sendo adotadas providências que vão da distribuição de equipamentos de proteção individual para os mesários à ampliação do horário de votação, passando pela oferta de álcool gel em todas as seções e pela eliminação de qualquer contato físico com o eleitor, que deverá levar sua própria caneta para assinar o nome na lista. Essas providências serão abordadas de forma intensiva nas próximas semanas, para tranquilizar os eleitores. A preocupação mais imediata é com o vírus da desinformação e o uso de notícias falsas para destruir reputações.
O que hoje se chama fake news só difere dos panfletos apócrifos espalhados em praça pública em eleições pretéritas é a capacidade de de multiplicação rápida e em grande escala, graças às redes sociais. Esse clássico volta modificado — e mais forte — nesta campanha majoritariamente virtual, com uma preocupação extra: a sofisticação das fraudes, com a ajuda da inteligência artificial.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e os Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) vêm tratando do tema há mais de seis meses. Lançaram campanhas usando figuras conhecidas e alertando para a importância de o eleitor não acreditar em tudo o que chega na sua caixa de mensagens.
Nesta sexta-feira (25), em reunião virtual, o TRE-RS firmou acordo com uma série de instituições para enfrentar, de forma conjunta, a disseminação de notícias fraudulentas e a desinformação nas eleições. Participam do esforço coletivo Ministério Público Eleitoral, Ministério Público do Rio Grande do Sul, Polícia Federal, Polícia Civil e Agência Brasileira de Inteligência.
A preocupação do presidente do TRE, desembargador André Luiz Villarinho, com as fake news é tanta que, tão logo assumiu, criou uma Comissão de Combate à Desinformação, presidida pelo desembargador Jorge Luís Dall'Agnoll. Villarinho ressalta a necessidade de orientar o eleitor para que ele saiba checar a veracidade das informações que recebe.
O vice-governador e secretário de Segurança Pública do RS, Ranolfo Vieira Júnior, elogiou a Justiça Eleitoral gaúcha pela iniciativa, e garantiu que o governo estadual será um aliado.