O comunicado aos porto-alegrenses, assinado por 22 entidades de representação do comércio, da indústria e do setor de serviços, pedindo que “o poder público decrete a retomada inadiável e imediata das atividades econômicas”, não muda a disposição do prefeito Nelson Marchezan de levar em conta os dados da saúde. Antes da divulgação do documento, Marchezan já tinha agendado reunião com os presidentes das entidades empresariais para esta segunda-feira (3), a partir das 15h.
Antes de conversar com os empresários, o prefeito vai reunir o gabinete de crise, às 10h, para avaliar o cenário em Porto Alegre à luz dos últimos números de internações, demandas por leitos de UTI e curva de contágio. Às 14h, como faz todas as semanas, o prefeito e sua equipe terão reunião virtual com os dirigentes dos principais hospitais.
— Vamos lidar com essa demanda dos empresários da mesma forma que lidamos até aqui. Seguiremos levando em conta os números e dados diários — afirmou.
Embora acredite que a situação está começando a melhorar, Marchezan diz que não tem como garantir o fim do “abre e fecha” pedido pelos empresários, porque os próximos dois ou três meses serão de avaliação permanente do comportamento da pandemia:
— Sabemos que a economia está em um processo de esgotamento e que as pessoas estão cansadas e, por isso, queremos construir alternativas. Sei que a situação das empresas é difícil, mas preciso pensar como prefeito de uma cidade inteira.
Mesmo com a cobrança dura dos empresários, o prefeito mantém a disposição de calibrar a reabertura para que não ocorra uma explosão de casos, com o consequente colapso do sistema hospitalar. Marchezan diz que prefere enfrentar as críticas dos que pregam a liberação geral a ver pessoas morrendo por falta de UTI.
— Até agora, nenhuma pessoa em Porto Alegre morreu por falta de leitos. Essa é uma questão de honra pra nós: garantir que não faltem respiradores — acrescenta.
Nem tudo o que os empresários pedem no manifesto depende de decisão da prefeitura. Porto Alegre, como toda a Região Metropolitana, precisa seguir as regras da bandeira vermelha, a menos que as associações de municípios aceitem o acordo proposto pelo Piratini para abrandar as restrições se houver aprovação unânime dos prefeitos.
Alegando que não têm mais como suportar as restrições, os dirigentes empresariais terminam o manifesto endereçado “aos cidadãos de Porto Alegre” dizendo: “Estamos abertos a um processo construtivo, sob pena de ruptura dos canais de interlocução e do colapso do sistema econômico e, por conseguinte, da saúde de toda a população”.
Veja o que os empresários pedem:
- Abertura do comércio, independentemente do seu porte, nos seguintes horários: comércio tradicional (de rua) das 9h às 17h e dos shopping centers das 12h às 20h;
- Abertura de bares e restaurantes das 11h às 22h.
- Atendimento dos prestadores de serviços em período único das 10h às 16h, excetuando as instituições de ensino que atenderão os termos acordados com o governo do Estado;
- Liberação das atividades na construção civil, igualando as obras públicas e privadas, no horário das 7h às 17h;
- Ampliação dos horários de atendimento das atividades essenciais e a flexibilização dos estacionamentos para minimizar eventuais concentrações e aglomerações.