O modelo de distanciamento controlado, que rege o funcionamento da atividade econômica de acordo com o mapa de riscos do coronavírus, ficou mais flexível. Para conter a rebelião de prefeitos, que começavam a editar decretos abrandando as restrições vigentes nas regiões de bandeiras vermelha, como fizeram Novo Hamburgo e Esteio, o governador e sua equipe concordaram em afrouxar um pouco o torniquete.
Leite fez como o rei do livro O Pequeno Príncipe, de Saint-Exupéry, que, para não ser desobedecido, só dava ordens razoáveis – e as alterava para que pudessem ser cumpridas. Leite compreendeu que, se mantivesse a rigidez do protocolo original, não teria a adesão dos prefeitos e que, sem eles, o descontrole era iminente.
Mesmo que na prática as mudanças tornem os decretos dos prefeitos Leonardo Pascoal (PP), de Esteio, e Fátima Daudt (PSDB), de Novo Hamburgo, compatíveis com a nova regra estadual, o governo acionou o Ministério Público para derrubá-los na Justiça. A ideia é não dar margem para que os prefeitos estiquem mais a corda e promovam uma onda de desobediência civil.
As alterações permitem a retomada de atividades que hoje não são permitidas. Não se trata de liberação geral, mas de reabertura com restrições nos restaurantes e no comércio varejista não essencial.
Embora os prefeitos possam adotar medidas mais restritivas do que as previstas no decreto estadual, a mudança abre caminho para a solução do impasse em Porto Alegre.
As tensas negociações devem ter desfecho nesta quarta-feira (5). Será muito difícil para o prefeito Nelson Marchezan manter a rigidez vigente em Porto Alegre. Mesmo com o radicalismo de parte dos empresários, há espaço para o meio termo no diálogo com os dirigentes de entidades que lutam pela reabertura mas não querem se associar a um eventual colapso no sistema hospitalar.
Livre do vírus
Depois de 11 dias do diagnóstico positivo para a covid-19, o governador Eduardo Leite fez novo teste e o resultado deu negativo. Com isso, Leite retoma as atividades presenciais nesta quarta. No período em que esteve em isolamento domiciliar, o governador manteve a rotina de trabalho e tomou apenas paracetamol para febre e dor de cabeça.