Desde que assumiu o Piratini, o governador Eduardo Leite conseguiu aprovar na Assembleia três propostas que pareciam impossíveis: o fim da exigência de plebiscito para privatizar a CEEE, a Sulgás e a CRM, a reforma administrativa, que cortou vantagens históricas dos servidores públicos, e o aumento da contribuição previdenciária. Nos três casos, teve apoio maciço dos empresários e contou com votos de dois deputados que não integram a base do governo: Giuseppe Riesgo e Fábio Ostermann, do Novo. A reforma tributária é o quarto desafio e, para superá-lo, Leite precisará vencer, antes de mais nada, a batalha da comunicação.
É para tentar vencer essa batalha, aparentemente mais difícil do que as anteriores, que Leite foi para a linha de frente. É ele que apresenta a empresários, deputados e jornalistas os fundamentos do projeto e o cenário de caos que se desenha para o Rio Grande do Sul em caso de rejeição.
Esse cenário foi apresentado pelo governador em entrevista exclusiva de 58 minutos a Gaúcha ZH, nesta quarta-feira (26). O plano B, em caso de rejeição da reforma, é pedir a prorrogação das alíquotas majoradas em 2015. Se nenhum dos dois passar, a receita do Estado cairá R$ 2 bilhões por ano e a dos municípios, R$ 850 milhões.
Nesse caso, a previsão é de colapso nos serviços públicos, com atrasos ainda maiores no pagamento se salários, suspensão das nomeações previstas para a área de segurança, corte dos já escassos investimentos, inadimplência nos repasses para a saúde e impossibilidade de adesão ao regime de recuperação fiscal, o que pode significar retomada do pagamento da dívida com a União, suspensa por liminar, que representa mais de R$ 3 bilhões ano.
Nesta quarta, Leite passou cerca de sete horas em videoconferências defendendo a proposta. Parou apenas 15 minutos para almoçar. Teve reuniões com entidades empresariais e com dirigentes de veículos de comunicação e uma entrevista coletiva de 90 minutos.
No final de final de semana, o governador deve iniciar roteiros nos municípios para encontros com prefeitos e líderes empresariais.